Mato Grosso do Sul alcançou o 4º lugar no ranking nacional de transplantes de fígado por milhão de habitantes menos de um ano após passar a realizar o procedimento. Com 45 cirurgias realizadas entre julho de 2024 e o fim de março deste ano, o estado registrou uma taxa de 17,9 transplantes por milhão de habitantes, de acordo com dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT).
O índice coloca MS atrás apenas do Distrito Federal (48,3), Paraná (21,0) e Ceará (18,6). A realização das cirurgias, todas feitas no Hospital Adventista do Pênfigo, em Campo Grande, sob coordenação do cirurgião Gustavo Rapassi, começou após a autorização do Ministério da Saúde no segundo semestre do ano passado.
Para o secretário estadual de Saúde, Maurício Simões Corrêa, o desempenho é reflexo de investimentos em qualificação e estrutura hospitalar. “Esse resultado reforça o compromisso do Estado com a ampliação do acesso a procedimentos de alta complexidade. A habilitação da equipe e da unidade hospitalar permitiu que, em menos de um ano, alcançássemos uma posição de destaque nacional”, afirma.
Segundo a coordenadora da Central Estadual de Transplantes, Claire Miozzo, o avanço é fruto de planejamento e integração entre instituições públicas e privadas. “A implantação do transplante hepático é um marco para o Estado. Em pouco tempo, conseguimos estruturar um serviço eficiente, com equipe especializada e suporte hospitalar adequado, oferecendo o procedimento dentro do próprio território e garantindo mais segurança e conforto aos pacientes”, diz.
Antes da habilitação, pacientes com indicação para transplante de fígado precisavam ser transferidos para hospitais de referência em estados como São Paulo e Paraná, enfrentando longas filas e deslocamentos.
Com a consolidação do serviço, o governo estadual espera reduzir a mortalidade por doenças hepáticas graves e ampliar a autonomia do sistema público de saúde em Mato Grosso do Sul.
Os transplantes de fígado realizados no estado são integralmente custeados pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Segundo a Secretaria de Saúde, a meta é ampliar ainda mais a capacidade de atendimento nos próximos trimestres e avançar também em transplantes de outros órgãos.
O transplante de fígado é indicado principalmente para pacientes com cirrose hepática, hepatite crônica, doenças metabólicas e alguns tipos de câncer. A taxa nacional de transplantes hepáticos no primeiro trimestre de 2025 foi de 11,1 por milhão de habitantes, inferior à registrada por MS.
O Hospital Adventista do Pênfigo passou por adequações técnicas e estruturais antes de receber a habilitação federal.
O crescimento dos transplantes também está atrelado ao aumento no número de doadores no estado. A Central Estadual de Transplantes tem reforçado ações de sensibilização junto às famílias e capacitado equipes médicas para atuação nos protocolos de morte encefálica, etapa essencial para a doação de órgãos.