Participar da sessão “Global Retail Trends: Why the Human Touch is Key to Leveraging the Full Potential of AI” foi uma experiência que ampliou minha visão sobre o papel essencial do varejo físico em tempos de avanço acelerado da inteligência artificial. Kate Ancketill, com sua análise afiada, abordou o desafio central de equilibrar a eficiência tecnológica com a conexão humana, uma necessidade que, em minha opinião, representa não apenas um diferencial estratégico, mas também a essência do varejo em sua forma mais poderosa.
A primeira grande provocação do painel foi a reflexão sobre os impactos da IA. Enquanto a inteligência artificial já transforma profundamente operações e interações, Kate nos lembrou que seu custo social, econômico e ambiental não pode ser ignorado. O uso crescente de IA gera preocupações legítimas do consumo elevado de energia, passando pela ameaça de fraudes, até a previsão de perda de milhões de empregos. No entanto, o mais revelador foi perceber que, para os consumidores, a IA em si não é o atrativo principal. Eles não querem saber se a marca usa IA, eles querem sentir o impacto que essa tecnologia tem em suas vidas. Isso muda completamente o jogo para marcas que, muitas vezes, se concentram mais em mostrar a inovação do que em entregar resultados palpáveis.
O conceito de escapismo no varejo foi outro ponto que ressoou profundamente comigo. Kate destacou como espaços físicos podem se tornar refúgios emocionais para consumidores sobrecarregados pela vida moderna. Exemplos como a loja Louis Vuitton em Bangkok ou as telas 4D na Tottenham Court Road mostram que o varejo tem o poder de transportar as pessoas para universos onde emoção e sensorialidade se encontram. A conexão emocional, afinal, é algo que nenhum algoritmo pode replicar. E, como empreendedor, vejo aqui uma oportunidade imensa para transformar lojas físicas em destinos inesquecíveis não apenas pela oferta de produtos, mas pela criação de experiências que toquem a alma.
Outro aspecto que merece atenção é a ideia de “convergência” entre IA e experiência humana. Kate apresentou casos inspiradores, como assistentes virtuais que automatizam tarefas rotineiras para liberar tempo para experiências mais enriquecedoras. Isso reforça a ideia de que a tecnologia deve ser uma aliada, não uma substituta, no processo de encantamento do consumidor. Estudos apontam que 61% das pessoas desejam que as marcas as ajudem a sentir emoções intensas. Essa demanda por conexões mais significativas e autênticas é um alerta para empreendedores e líderes. O futuro do varejo será tanto tecnológico quanto emocional.
Fiquei particularmente impressionado com os exemplos de lojas que já estão incorporando essas tendências. A loja Skin 1004, na Coreia do Sul, por exemplo, utiliza a natureza como inspiração para criar um espaço que conecta o consumidor a algo maior do que o simples ato de compra. Esse modelo de varejo experiencial nos convida a pensar no design de nossos próprios negócios. Como podemos trazer alma e propósito para nossos espaços físicos?
Olhando para o futuro, três tendências emergem como essenciais. Primeiro, o aumento do escapismo no varejo, que exigirá espaços que ofereçam experiências emocionais e culturais únicas. Segundo, a ideia de sustentabilidade emocional, onde as lojas não vendem apenas produtos, mas geram valor para a comunidade e o indivíduo. Por fim, a convergência tecnológica, onde IA e interações humanas se complementam para personalizar e elevar a jornada do cliente.
Minha maior conclusão após essa sessão é que o varejo físico não está apenas vivo – ele é indispensável. Porém, para prosperar, precisamos redefinir seu papel em um mundo cada vez mais digital. Lojas não podem mais ser apenas pontos de transação, elas devem ser espaços de significado. Como empreendedores, nosso desafio será criar ambientes que inspirem maravilha, promovam conexão e deixem uma marca emocional duradoura.
DIJAN DE BARROS
NRF2025
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