A sensação de coração acelerado, ou taquicardia, pode ter diversas causas — de episódios de estresse a condições mais graves. Entre elas, está a Doença de Graves, um distúrbio autoimune que leva a uma produção excessiva de hormônios pela glândula tireoide, acelerando o metabolismo e afetando diferentes sistemas do corpo, inclusive o cardiovascular.
O nome da doença é uma homenagem ao médico irlandês Robert James Graves, que descreveu o quadro pela primeira vez em 1835. Segundo estudo da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, o problema é mais frequente em mulheres, com risco estimado em 3%, enquanto nos homens a taxa é de 0,5%. A faixa etária mais afetada varia entre 20 e 50 anos.
A endocrinologista Renata Camia, consultora médica do Sabin Diagnóstico e Saúde, explica que o excesso de hormônios produzidos pela tireoide tem impacto direto no funcionamento do coração.
“Na Doença de Graves, o próprio sistema imunológico ataca a glândula tireoide, fazendo com que ela produza hormônios em excesso. Isso acelera o metabolismo e desencadeia diversos sintomas”, afirma.
Entre os sintomas mais comuns estão palpitações, tremores nas mãos, cansaço, perda de peso, suor excessivo, sensação de corpo quente, irritabilidade, insônia e queda de cabelo.
“Nas mulheres, pode haver alteração do ciclo menstrual, geralmente com redução do fluxo”, acrescenta Renata.
A médica destaca ainda um sintoma característico do quadro: o comprometimento ocular.
“O paciente pode apresentar olhos vermelhos, irritação e, em alguns casos, exoftalmia, que é quando os olhos ficam mais projetados para fora”, explica.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico da Doença de Graves envolve avaliação clínica e exames laboratoriais.
“A confirmação do hipertireoidismo é feita pela dosagem dos hormônios TSH, que regulam a atividade da tireoide; além dos hormônios T3, T4 e suas formas livres, produzidos por essa mesma glândula. Também fazemos a dosagem dos anticorpos tireoidianos, o que nos ajuda a identificar se a causa é autoimune, como na doença de Graves”, afirma.
Renata ressalta que medicamentos, suplementos e até outras doenças podem interferir nos resultados dos exames.
“O uso de alguns medicamentos, como corticoides, suplementos que contêm biotina e até a presença de outras doenças podem alterar os resultados”, diz.
Tratamento varia conforme o caso
O tratamento depende da gravidade da doença e do perfil do paciente. Uma das abordagens mais comuns é o uso de medicamentos antitireoidianos, que reduzem a produção dos hormônios.
“O tratamento medicamentoso é feito com drogas antitireoidianas, que ajudam a controlar a produção dos hormônios, mas exige monitoramento constante, principalmente da função hepática”, afirma a endocrinologista.
Outra possibilidade é a radioiodoterapia, que utiliza iodo radioativo para diminuir a atividade da glândula. Em casos mais graves, pode ser indicada a cirurgia, opção considerada mais invasiva.
Não há formas específicas de prevenir a doença, mas hábitos saudáveis ajudam a manter o sistema imunológico em equilíbrio.
“Invista em exercícios físicos, mantenha a alimentação equilibrada, cuide da saúde mental e faça acompanhamento regular com endocrinologista”, recomenda.
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