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Brinquedos tradicionalmente associados ao universo infantil, como bonecos e pelúcias, têm ganhado espaço entre adultos e se transformado em fenômenos nas redes sociais. Exemplos incluem os bebês reborn, bonecos hiper-realistas que imitam recém-nascidos, e o Labubu, figura colecionável criada em Hong Kong e valorizada no mercado de luxo.

Embora o hábito possa ter função terapêutica ou nostálgica, a psicóloga e educadora Ana Claudia Favano, gestora da Escola Internacional de Alphaville (SP), vê riscos quando a prática assume papel de substituto para vínculos afetivos reais. “Não se trata de demonizar o ato de brincar na vida adulta, que pode, sim, ter função terapêutica ou nostálgica”, afirma. “Mas quando esses objetos passam a ocupar o lugar de vínculos afetivos reais, há risco de confusão emocional, especialmente para as crianças que observam esse comportamento”.

O alerta é direcionado principalmente ao contexto digital, onde vídeos de adultos embalando reborns como filhos ou exibindo coleções de pelúcias acumulam milhões de visualizações. “Esses símbolos se tornam uma espécie de avatar emocional. Eles não são apenas brinquedos, mas representações de como alguém quer ser visto”, diz Ana Claudia.

Segundo a especialista, a preocupação está na forma como esses objetos são ressignificados fora de sua função original e reintroduzidos no universo infantil como referência aspiracional. “A criança aprende por imitação. Se o brincar adulto passa a ser performance para a câmera, colecionismo vazio ou fuga da realidade, a criança internaliza esses valores como legítimos”, afirma.

Para lidar com a questão, ela defende diálogo e orientação. “Ao invés de proibir ou ridicularizar o interesse por esse tipo de tendência, é mais eficaz conversar com os filhos sobre o que aqueles brinquedos representam, como surgiram e por que se tornaram populares”.

A educadora também vê papel ativo das instituições de ensino no debate. “É também papel da escola ajudar pais e alunos a entenderem que afeto, pertencimento e identidade não se constroem por objetos, mas por relações”, conclui.

Foto: Freepik

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