O Brasil registrou em 2024 o menor nível de fome da sua história, igualando o recorde de 2013. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (10), por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), aplicada na Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios Contínua (PNADc) do 4º trimestre de 2024, mais de 2 milhões de pessoas deixaram a condição de insegurança alimentar grave, enquanto 8,8 milhões alcançaram a categoria de segurança alimentar.
De acordo com o levantamento, a proporção de domicílios em insegurança alimentar grave caiu de 4,1% em 2023 para 3,2% em 2024. A redução ocorreu tanto em áreas urbanas quanto rurais e em todas as regiões do país. Além disso, outros níveis de insegurança alimentar, leve e moderada, também apresentaram queda.
Já a porcentagem de domicílios em situação de segurança alimentar subiu de 72,4% para 75,8% no mesmo período, o que significa que quase 9 milhões de pessoas passaram a ter acesso regular e adequado aos alimentos.
“Em 2025, o Brasil celebra duas conquistas históricas: a saída do Mapa da Fome e a redução da insegurança alimentar grave ao menor nível da série histórica do IBGE”, afirmou Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. “Levamos dois anos para reconquistar uma marca que, no passado, levou dez anos (2003-2013) de construção de políticas públicas para ser alcançada”, completou.
Valéria Burity, secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, destacou que os dados do IBGE confirmam as tendências apontadas pelo Mapa da Fome da FAO/ONU e reforçam a evidência de que a fome no país está diminuindo rapidamente.
Histórico recente
Entre 2019 e 2022, o IBGE não aplicou a Ebia, mas a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) realizou um estudo similar em 2022, que registrou 33,1 milhões de pessoas em insegurança alimentar grave, correspondendo a 15,5% dos domicílios. Comparando com os dados atuais, houve queda de 12,3 pontos percentuais na proporção de domicílios com fome desde o início da atual gestão, o que representa 26,5 milhões de pessoas que deixaram a condição de insegurança alimentar grave em dois anos.
Entenda as categorias da Ebia
Segurança alimentar: acesso regular e adequado aos alimentos, sem preocupação com restrições futuras.
Insegurança alimentar leve: preocupação ou incerteza quanto ao acesso a alimentos e redução da qualidade para não afetar a quantidade.
Insegurança alimentar moderada: falta de qualidade e redução na quantidade de alimentos entre adultos.
Insegurança alimentar grave: falta de qualidade e redução na quantidade de alimentos também entre menores de 18 anos, quando a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio.
Mapa da Fome
Em julho, o Brasil saiu do Mapa da Fome da FAO/ONU, após reduzir o índice de prevalência de subalimentação para menos de 2,5% da população. O Plano Brasil Sem Fome, lançado em 2023, foi apontado como peça central nessa estratégia. O programa reúne 80 ações e mais de 100 metas, abrangendo aumento da renda disponível para compra de alimentos, inclusão em políticas de proteção social, ampliação da produção e acesso a alimentos saudáveis e mobilização da sociedade e dos poderes públicos para erradicação da fome.






















