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Associação médica alerta para efeitos do aquecimento global na saúde e defende ações durante a COP30

As mudanças climáticas e o aumento da poluição estão entre as principais preocupações da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), que alerta para o impacto desses fatores na saúde da população. Em carta enviada ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, a entidade afirmou que o aquecimento global tem agravado doenças alérgicas e respiratórias e pediu avanços em políticas de proteção ambiental. 

A presidente da Asbai, Fátima Rodrigues Fernandes, explica que fatores como o aumento da poluição, o aquecimento global e as mudanças no clima podem alterar as defesas do organismo, provocando inflamações nas mucosas respiratórias e na pele. Segundo ela, essas alterações favorecem o surgimento e o agravamento de doenças como asma e rinite.

Entre as enfermidades mais afetadas estão a rinite alérgica, que atinge até 30% da população brasileira, a conjuntivite e a dermatite atópica. A médica explicou que o aumento da poluição eleva a quantidade de partículas sólidas e gases, como o dióxido de carbono, o que potencializa as crises. “Junto com o aquecimento ou essas catástrofes climáticas que a gente tem observado, como a tragédia do Rio Grande do Sul (enchentes em abril de 2024), tudo isso aumenta a formação de alérgenos, tanto pólens, quanto fungos, e mesmo a proliferação de ácaros”, disse.

A carta da Asbai cita estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que identificou aumento de 60% na incidência de incêndios na Região Norte, o que intensifica a poluição atmosférica e amplia o risco de doenças respiratórias.

De acordo com Fátima, os efeitos são mais severos em grupos vulneráveis, como crianças, idosos, gestantes e pessoas de baixa renda; ela afirma que a fumaça dos incêndios prejudica esses grupos e que comunidades com menos recursos sofrem mais com quaisquer alterações climáticas.

A médica também chamou atenção para a poluição plástica. O Brasil é o quarto maior produtor de plástico no mundo, e a presença de microplásticos na água e nos alimentos preocupa a comunidade científica. Ela comentou que essas partículas atuam no sistema imunológico e afetam a saúde da população, o que pode estar relacionado ao aumento de casos de alergia e intolerância alimentar.

A presidente da Asbai defendeu que os países retomem, durante a COP30, as negociações do Tratado Global contra a Poluição Plástica, firmado em 2022, e adotem medidas efetivas de controle. “Sem dúvida, esse é um ponto crucial e temos que ser signatários e usuários desse tratado. Temos que aplicar na vida real todos esses cuidados necessários para proteção da nossa saúde”, afirmou.

Saúde e clima na COP30

A Asbai vê na COP30 uma oportunidade para reforçar o vínculo entre meio ambiente e saúde pública. A entidade defende que os impactos do aquecimento global e da poluição sejam tratados como prioridade nas negociações internacionais, com foco na prevenção de doenças respiratórias e alérgicas agravadas pelas mudanças do clima.

Durante o encontro, a associação espera que sejam retomadas as discussões sobre o Tratado Global contra a Poluição Plástica, firmado em 2022, e que novas metas sejam definidas para reduzir a contaminação ambiental. Para Fátima Rodrigues Fernandes, a aplicação prática dessas medidas é fundamental para conter o avanço dos problemas de saúde relacionados à degradação do meio ambiente. 

Segundo ela, a expectativa da comunidade científica é de que a COP30 produza compromissos concretos entre os países e resulte em ações que reduzam os efeitos da poluição e do aquecimento global sobre a população. A médica avalia que políticas ambientais mais rigorosas podem ajudar a frear o crescimento de doenças e a proteger grupos vulneráveis.

Foto de capa: Bruno Peres/Agência Brasil

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