Em uma cultura escolar que frequentemente transforma a aprendizagem em números, constantemente nos esquecemos de que a nota é apenas um “recorte”, enquanto o conhecimento é o que permanece, transforma e guia trajetórias estudantis e profissionais bem-sucedidas.
Nesta coluna convido você estudante e famílias a olharem além do boletim escolar e refletir comigo sobre a real importância do aprender em detrimento da quantificação da aprendizagem. A aprendizagem deve ser o nosso foco.
Portanto, é preciso ter a clareza de que aprender não significa acumular dados, fórmulas e informações, mas sim, compreender como dar sentido ao que se descobre; aprender significa experimentar, errar, refletir, relacionar, reconfigurar e aplicar.
Aprender deve ser um processo contínuo de construção, reconstrução e ressignificação de conhecimentos em nossa trajetória estudantil, pessoal e profissional. Esse processo envolve curiosidade, esforço, abertura ao novo transformando conhecimento em ação.
Estamos vivendo um tempo em que urge a necessidade de ampliarmos a nossa visão, a nossa leitura e compreensão em relação aos fatos e acontecimentos não só “em nosso quintal”, mas de forma global. Por exemplo: as novas tecnologias têm apresentado evoluções semanas após semanas. Isso tem impactado e impactará ainda mais o futuro profissional de nossos jovens. Eis as questões: O quê e como fazer ao decidir por uma carreira profissional?! É possível uma transição de carreira?!
Daí a importância de se ter uma leitura globalizada até mesmo por conta de escolhas pessoais e profissionais. Portanto, compreender o mundo e suas transformações é o primeiro passo para atuarmos nele e reinterpretá-lo de forma crítica, tornando-nos agentes de transformação. Porém, isso só será possível por meio do conhecimento, pois este, como sempre digo: “nos liberta de muitas amarras”.
O porquê dessa introdução nesta coluna de hoje?!
Estamos, novamente, diante de mais um final de ano letivo em nosso país. Nesse período é onde os resultados escolares vêm à tona em forma de notas, médias finais nos boletins escolares. É quando surge o “fantasma” da recuperação ou reprovação.
Atuei por 22 anos e 06 meses como orientadora educacional de um importante sistema de ensino no Brasil. Toda a equipe pedagógica dessa instituição tinha a clareza de que esse período era o mais cansativo e tenso, pois muitas famílias ausentes no processo escolar dos filhos durante um ano inteiro, “ressuscitavam”, reivindicando, “décimos” até mesmo “milésimos” de notas de avaliações antigas e atuais.
Tenho absoluta convicção de que essa realidade não diz respeito somente a esse sistema de ensino. Todas as escolas brasileiras, sejam públicas ou privadas, como também, seus profissionais ligados à área pedagógica são bombardeados pelas famílias por “pontos” que faltam para a aprovação de seus filhos.
A nota é o parâmetro para a certificação escolar?! Claro que sim. Esta é a forma de se quantificar os resultados individuais, como também, os resultados nacionais e internacionais no campo educacional. Porém, os valores jamais deverão ser invertidos.
O que é mais importante: a nota ou o conhecimento?! É evidente que é o conhecimento. Infelizmente, muitos estudantes vivem no “limite da média” para conseguirem progredir de ano escolar. E o mais alarmante é que boa parte das famílias brasileiras tem se moldado a esse tipo de comportamento.
No entanto, torna-se urgente compreender que “viver no limite” é desafiador e perigoso! A nota no boletim escolar deverá ser compreendida como uma consequência da dedicação, do esforço, do foco e da disciplina do estudante, como também, do apoio, da presença e do afeto familiar.
Finalizo com uma questão desafiadora: Por que não mudarmos essa cultura de vivermos no limite de uma média?! O conhecimento é o que, realmente, importa.












