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A renda do trabalho voltou a ser o principal fator na redução da desigualdade social no Brasil. Estudo divulgado nesta semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que o avanço do mercado de trabalho teve mais peso na queda recente do índice de Gini, principal medida de desigualdade usada no país, do que programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. O indicador caiu para 50,4 pontos, o menor nível desde 1995.

De acordo com o Ipea, no período de 2023 a 2024, “cerca de metade da redução de 1,2 ponto de Gini continua associada ao mercado de trabalho, mas a contribuição das transferências assistenciais foi bem menor (-0,2 ponto de Gini, ou 16% da queda), ficando atrás dos benefícios previdenciários (-0,3 ponto, ou 22%)”. Quanto menor o número, mais distribuída está a renda.

No total, entre 2021 e 2024, o Gini caiu 3,9 pontos. Desse resultado, 49% vieram dos salários e 44% das transferências assistenciais. O levantamento reforça que o aumento do emprego e a elevação dos salários médios, apontados em pesquisas do IBGE, foram decisivos para o avanço dos índices de renda. Os dados não incluem o ano de 2025.

A equipe econômica do governo tem afirmado que medidas previstas para 2025, como a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês e a redução das alíquotas para rendas até R$ 7,3 mil, podem influenciar a distribuição de renda nos próximos anos.

Renda cresce junto com o PIB

O estudo também mostra que a renda familiar média cresceu de forma parecida com o Produto Interno Bruto (PIB) em anos recentes. As análises usam dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C).

O estudo aponta que o indicador de renda domiciliar passou pelo triênio de maior crescimento do poder de compra médio dos brasileiros desde o Plano Real. Houve alta acumulada superior a 25%, o que representa 7,8% ao ano entre 2021 e 2024. Em 2024, a renda média atingiu o maior valor da série histórica, chegando a R$ 2.015 por pessoa, em preços médios do ano. O levantamento indica ainda que a recuperação da renda média acompanhou o avanço do PIB per capita no mesmo período.

A política de valorização do salário mínimo, que corrige o piso de acordo com a inflação e o crescimento do PIB, é apontada por órgãos como o IBGE e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) como um dos fatores que ajudam a elevar outros salários no mercado de trabalho. O estudo do Ipea, porém, não detalha esse efeito.

A série mostra um desvio importante em 2020. Naquele ano, a desigualdade caiu de forma acentuada por causa do auxílio emergencial pago durante a pandemia. A queda, porém, foi temporária, e os índices voltaram a subir no ano seguinte. Já 2022 aparece com forte alta da renda média devido à recuperação após a crise sanitária.

Desde 1995, períodos de melhora e piora nos indicadores de desigualdade acompanham ciclos diferentes da economia, da geração de empregos e das políticas de renda. O estudo destaca que os melhores resultados da série ocorreram nos anos em que o mercado de trabalho esteve mais aquecido e as políticas sociais tiveram maior alcance, enquanto períodos de recessão registraram piora nos índices.

Foto de capa:  Marcelo Camargo/Agência Brasil

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