Ação militar dos EUA contra petroleiro venezuelano eleva risco de instabilidade e acende alerta na América Latina
Militares dos Estados Unidos interceptaram um navio petroleiro venezuelano em águas internacionais do Caribe na quarta-feira (10), em uma ação inédita dentro das operações conduzidas pelo governo Donald Trump perto da costa da Venezuela. A apreensão, que envolveu helicópteros e agentes descendo armados sobre a embarcação, elevou o clima de tensão entre Washington e o país sul-americano.
A Casa Branca afirmou que pretende levar o navio aos EUA e apreender o petróleo a bordo. Questionado sobre o destino da carga, Trump declarou: “Bem, acho que ficaremos com ele”. Segundo o governo americano, havia um mandado de apreensão porque a embarcação, sancionada pelos EUA em 2022, estaria transportando petróleo para o Irã, mesmo impedida de realizar operações comerciais.
O governo venezuelano não se pronunciou sobre as acusações específicas, mas criticou o que chamou de intervencionismo norte-americano. A imprensa dos EUA afirma que o navio é o VLCC Skipper, operado pela companhia Triton, sediada nas Ilhas Marshall. A consultora Vanguard informou que o petroleiro transportava cerca de 1,1 milhão de barris de petróleo e navegava com bandeira falsa da Guiana, o que viola normas internacionais.
Em nota divulgada na quarta-feira, o governo de Nicolás Maduro classificou a operação como “roubo descarado” e ato de pirataria. A administração afirmou que a apreensão faz parte de um “plano deliberado de saque de nossas riquezas energéticas”, citando também a venda da Citgo, filial da estatal Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA), autorizada pela Justiça americana no início de dezembro.
A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez disse que o país recorrerá a instâncias internacionais para denunciar o “roubo vulgar”. Para o governo, a ação militar se soma ao embargo econômico imposto pelos EUA desde 2017 e ao que considera uma escalada do cerco contra a Venezuela.
Reação do governo brasileiro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o “unilateralismo” de Trump e disse ter abordado a escalada de tensão durante conversa telefônica entre os dois no início de dezembro. Segundo Lula, ele afirmou ao norte-americano que a América Latina é uma “zona de paz” e destacou a importância de soluções diplomáticas.
“Vamos tentar utilizar a palavra como instrumento de convencimento, de persuasão, para a gente fazer as coisas certas”, disse Lula em discurso em Minas Gerais.
O governo venezuelano também afirmou que a apreensão demonstra as “verdadeiras razões da agressão prolongada contra a Venezuela”. Para Maduro, a disputa envolve o controle das riquezas energéticas do país, que possui as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo.
Com informações de: Agência Brasil
Foto de capa: Donald Trump Truth Social / Divulgação

















