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A chegada de dezembro, tradicionalmente associada a festas e balanços do ano, também marca um período de maior vulnerabilidade emocional para parte da população. Conhecido informalmente como “dezembrite”, o fenômeno reúne sintomas como ansiedade, tristeza, irritabilidade e cansaço extremo, impulsionados pela pressão social e por frustrações acumuladas ao longo do ano.

Segundo o psicólogo cognitivo comportamental e neurocientista Jefferson Morel, o mês está entre os que registram maior procura por atendimento psicológico. “Muitas pessoas nos procuram com crises de ansiedade e depressão, e em quem já tem diagnóstico de transtornos mentais observamos um aumento significativo de crises severas”, explica.

De acordo com o especialista, o encerramento do ano funciona como um marco psicológico. Metas não cumpridas, decisões adiadas e expectativas frustradas acabam confrontadas com a ideia coletiva de que o período deve ser marcado por alegria, produtividade e celebração.

“O excesso de estímulos emocionais coloca o organismo em estado de alerta contínuo. O cortisol sobe, o sono perde qualidade e a memória de trabalho fica sobrecarregada. Isso leva a sintomas como irritabilidade, dificuldade de concentração e cansaço extremo”, detalha Morel.

As redes sociais, segundo o neurocientista, intensificam esse cenário ao expor recortes idealizados da vida alheia. “As pessoas publicam apenas momentos felizes, retrospectivas positivas e celebrações idealizadas. Essa comparação silenciosa gera frustração e a sensação de que é preciso corresponder a um padrão irreal de felicidade”, analisa.

Outro fator de risco apontado pelo especialista é a convivência familiar intensificada durante as festas de fim de ano. Reencontros podem reabrir conflitos antigos, relações desgastadas ou laços rompidos, o que favorece o surgimento de sentimentos reprimidos, como raiva, angústia e desconforto emocional.

Para reduzir os impactos da chamada “doença de dezembro”, Morel afirma que o primeiro passo é questionar a ideia de felicidade obrigatória. “Ninguém é feliz 24 horas por dia. Ter altos e baixos faz parte da vida. Essa felicidade obrigatória que vemos nas festas e nas redes sociais é, muitas vezes, uma construção artificial”, afirma.

Entre as orientações, o psicólogo recomenda priorizar atividades que promovam bem-estar, evitar ambientes marcados por tensão, competição ou desgaste emocional e respeitar limites pessoais. Saber dizer “não” a convites excessivos, identificar sinais de sobrecarga e reservar momentos de descanso ao longo da semana também ajudam a atravessar o período com mais equilíbrio.

Morel  também destaca a importância da prevenção, especialmente para quem já identifica dificuldades recorrentes nessa época do ano. “Se você reconhece que o período de festas é difícil, procure acompanhamento antes que a sobrecarga atinja o limite. Antecipar o cuidado é fundamental”, conclui.

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