quarta-feira, 05/02/2025, 07:55

Há cerca de 10 mil anos, a nossa espécie se deparou com um grande desafio: viver em grupo ou desaparecer. Essa prerrogativa surgiu pelo fato de, em termos de defesa e ataque, nossa espécie ser pouco privilegiada pela natureza. A nossa pele é pouco resistente, quanto à velocidade, qualquer Jaguatirica nos ultrapassa em milésimos de segundos, em termos de força, não conseguimos vencer a maioria das espécies, mesmo um cachorro bravo de maior porte, facilmente, consegue nos vencer. Então, devido a essas questões, nós percebemos que viver sozinho traria grandes riscos à própria preservação da espécie humana. Assim, descobrimos uma coisa fantástica, a qual mudaria, para sempre, a forma de ocupar o planeta:  o viver em comunidade.

 Nesse modo compartilhado de vida, todo mundo teria alguma tarefa, todo mundo viveria, mais ou menos, junto. Isso, imediatamente, desdobrou-se em novos desafios, como encarar os outros, lidar com a vontade do outro, além da sua, conviver com as ideias do outro, que não são as suas, com uma personalidade, que não é a sua. De certo modo, nós encontramos um paradoxo fantástico, sobreviver significa viver em sociedade, mas viver em sociedade, também, é um esforço para conviver com esse outro.  E viver com o outro, talvez, seja o maior desafio do ser humano, pois, dessa relação, sai aquilo que nós somos e sai também aquilo que os outros esperam de nós.

Atualmente, mais da metade da população mundial vive em cidades. Até 2050, quase 70% de nós serão moradores de cidades. Vivendo em cidades, 6,3 bilhões de pessoas precisarão, em 2050, de acesso à água limpa, à saneamento funcional e à sistemas adequados de esgoto e eliminação de resíduos. São 6,3 bilhões de pessoas que precisarão ser transportadas, diariamente, de forma sustentável e eficiente; abrigadas em moradias seguras e saudáveis; e hospedadas em cidades resistentes à mudança climática, à eventos climáticos extremos e à transmissão de doenças.

Em nosso estado, isso não muda, somos um território a ser ocupado. Quando pensamos nas nossas 79 cidades, percebemos que o crescimento está acontecendo de forma acelerada e, em algumas regiões, isso acontece em índices chineses (crescimento alucinado), desafio gigante para quem irá morar e governar.

Mas, acredito que temos muitos fatores a nosso favor, somos uma população estadual com menos de 3 milhões de pessoas, distribuída em um território gigante de 357.124 km², o quinto maior estado brasileiro. A complexidade ainda não se compara a nenhuma grande metrópole, os desafios de ter um desenvolvimento urbano com uma responsabilidade ambiental, que preserve, principalmente, a água e a arborização urbana, é muito possível e acredito que, por intermédio de regramentos de ocupação urbana, podemos construir as melhores cidades para morar e prosperar.  

Como Arquiteto e Urbanista, quero contribuir com uma visão de planejamento urbano e ambiental, escrevendo aqui para vocês, e tentar trazer um debate ampliado e democrático, convidar pensadores e pessoas que estão sensíveis a esse desafio. Essa coluna é um diálogo aberto, um papel em branco a ser escrito, em conjunto, com leitores e colaboradores.

Picture of Luis Eduardo Costa

Luis Eduardo Costa

Arquiteto e urbanista, Foi presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Mato Grosso do Sul; Foi secretário Municipal do Meio Ambiente e Gestão Urbana da Prefeitura de Campo Grande;

Total News MS

AD BLOCKER DETECTED

Indicamos desabilitar qualquer tipo de AdBlocker

Please disable it to continue reading Total News MS.