Apesar da entrega de dois terminais reformados nesta quarta-feira (9) pela Prefeitura de Campo Grande, usuários do transporte coletivo apontam que a principal demanda continua sem resposta: a frequência dos ônibus.
As estruturas do Nova Bahia e do General Osório foram revitalizadas com recursos municipais. Segundo a Agetran, cerca de 129 mil pessoas passam pelos terminais diariamente. As reformas incluem banheiros novos, troca de piso, telhado e rede elétrica, além da implantação de bases da Guarda Civil Metropolitana. Cinco dos oito terminais da cidade já foram reformados desde o início do programa, em 2024.

A prefeita Adriane Lopes (PP) afirma que a presença da guarda 24 horas nos terminais visa aumentar a segurança, sobretudo para as mulheres, que representam cerca de 70% dos usuários. “A base da guarda vai trazer um reforço na segurança. A gente traz uma maior segurança tanto para as mulheres quanto para todos os usuários do transporte público”, disse. Segundo ela, R$ 3,4 milhões foram investidos nas reformas dos terminais General Osório, Nova Bahia, Júlio de Castilho e Bandeirantes.
Para quem depende do transporte todos os dias, porém, as melhorias são importantes, porém ainda é preciso de mais. “Continua a mesma coisa. A demora do ônibus é o que mais atrapalha. Fizeram o que tinham que fazer, mas a prioridade é a gente chegar no serviço no horário certo”, reclama Luzenir Silva, moradora do bairro Nova Lima, que utiliza o terminal Nova Bahia diariamente.
Outro ponto mencionado por usuários é a ausência de sinalização. “Cadê a placa para indicar onde que é o ponto que você tem que pegar o ônibus? A pessoa fica perdida”, criticou Marcia Cristina Ferreira, moradora da região da UCDB. Ela utiliza o terminal Júlio de Castilho para se deslocar ao Jardim Campo Belo, onde cuida da neta. “A reforma foi legal, mas não colocaram as placas. No ponto 73, por exemplo, não tem nada. A gente tem que adivinhar onde para o ônibus.”
A ausência de informações claras foi admitida pelo diretor-presidente da Agetran, Paulo da Silva. “É a primeira vez que ouço falar, mas é uma demanda importante. Podemos providenciar sinalização para cada linha”, respondeu. Segundo ele, a reforma foi profunda, incluindo cobertura, hidráulica, banheiros, pintura e parte elétrica, além da instalação de um totem com braille para pessoas com deficiência visual.
Doracy Muniz, usuária da linha Vida Nova, também relatou problemas estruturais fora dos terminais. “Duas vezes o ônibus estava sem campainha. Já rasguei minha perna e furei a mão dentro do ônibus. O banco estava quebrado”, relatou. Ela não registrou denúncia formal.
A Câmara Municipal, por meio da CPI do Transporte Público, tem recebido centenas de reclamações. O vereador Maycon Nogueira, membro da comissão, disse que quase 300 denúncias estão em análise, muitas delas relacionadas à frota sucateada, atrasos e falhas de manutenção. “A população está certa em protestar. Quando paga caro por um serviço que não funciona, tem que cobrar. Só com pressão é que as coisas vão mudar”, afirmou.
Segundo a prefeita, a renovação da frota está em negociação com o consórcio responsável pelo transporte coletivo. “Foi notificado e oficiado. Acredito que, nos próximos dias, eles estarão respondendo ao município. Se for preciso rever o contrato, vamos rever”, disse.
Enquanto isso, Márcia Ferreira resume o sentimento de parte dos passageiros: “A gente fica parecendo uma lata. Não tem como se mexer pra nada. Isso ainda tem que melhorar muito”.