A agricultura familiar é responsável por 61% dos estabelecimentos agropecuários de Mato Grosso do Sul, mas ocupa apenas 4% da área produtiva do Estado. Apesar de sua relevância na produção de alimentos e na geração de empregos no campo, o setor enfrenta desafios como a falta de assistência técnica, dificuldades no acesso ao crédito e infraestrutura precária.
Para mapear essa realidade, a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), por meio da Secretaria-Executiva de Agricultura Familiar (Seaf), lançou o Estudo Socioeconômico da Agricultura Familiar de Mato Grosso do Sul.
O levantamento foi apresentado durante a reunião do Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável de Agricultura Familiar (Cedraf/MS), no auditório da Agraer/Semadesc. Estiveram presentes o secretário da Semadesc, Jaime Verruck, o deputado estadual Zeca do PT, o secretário-executivo da Seaf, Humberto de Mello, o secretário-adjunto Betão e o diretor-presidente da Agraer, Washington Willeman.
Retrato do setor
Elaborado pela Seaf e Agraer, em parceria com o Sebrae/MS, o estudo detalha a situação do setor e aponta desafios e oportunidades para o fortalecimento da produção familiar. A análise inclui dados sobre produção, rentabilidade, infraestrutura e políticas públicas voltadas ao segmento.
Segundo Jaime Verruck, a pesquisa representa um passo essencial para a formulação de políticas voltadas ao setor. “Esse estudo começou no ano passado para ampliar nosso conhecimento sobre a agricultura familiar. Hoje, temos mais de 41 mil propriedades nesse segmento, de um total de 71 mil estabelecimentos agropecuários no Estado. Isso demonstra a importância do setor e a necessidade de ações específicas”, afirmou o secretário.
Uma das conclusões do levantamento é o tamanho reduzido das propriedades familiares. “O estudo revelou que 85% dessas propriedades têm menos de 50 hectares. São pequenas áreas que buscam se desenvolver, produzir alimentos e se inserir nas cadeias produtivas. Com base nesses dados, o governo estadual poderá definir indicadores e políticas prioritárias”, explicou Verruck.
Produção e desafios
Os agricultores familiares do Estado cultivam principalmente mandioca, milho e banana. Na pecuária, a produção de leite e ovos se destaca. No entanto, a comercialização ainda é um obstáculo, com baixa participação dos pequenos produtores em programas governamentais como o PNAE e o PAA.
O estudo reforça a necessidade de políticas públicas mais eficazes, com investimentos em infraestrutura rural, fortalecimento do cooperativismo e ampliação do acesso ao crédito e à assistência técnica. A expectativa é que essas medidas ampliem a competitividade do setor e impulsionem o desenvolvimento sustentável do Estado.
“Estamos avançando em políticas públicas mais inclusivas, abordando saúde, escolaridade e comercialização dos produtos da agricultura familiar. Esse diagnóstico nos permitirá direcionar melhor os recursos públicos e as emendas parlamentares, reduzindo lacunas e ampliando a renda dos produtores, além de melhorar sua qualidade de vida”, concluiu Verruck.
- Foto de capa: Bruno Rezende
