Na última semana, estive no Web Summit Rio e uma coisa ficou clara: 90% dos empreendedores já utilizam ou estão acelerando o uso da inteligência artificial (IA) para escalar seus negócios. Isso não é mais tendência, é realidade. E o mais impressionante? Isso não se limita ao setor de tecnologia ou marketing. O agro também está conectado.
Foi exatamente isso que percebi conversando com Adrieli Santos, fundadora da Gado Pesado, uma startup goiana que está revolucionando a pecuária com IA. A solução da Gado Pesado é simples e genial: câmeras com IA que contam e pesam bovinos no pasto, em tempo real, com mais de 95% de precisão. Nada de balanças caras, currais estressantes ou processos manuais. O animal permanece no seu ambiente natural e o produtor acessa dados estratégicos para tomar decisões mais inteligentes, melhorar o bem-estar dos animais e, claro, lucrar mais.
A ideia nasceu durante um hackathon promovido pelo Sistema FAEG Senar, em Goiás, e foi inspirada no avô do cofundador Thiago Gratão — um pecuarista que sofreu muito com prejuízos por falta de informação. Hoje, a Gado Pesado planeja desenvolver novas funcionalidades, como apartação inteligente por drone, e promete colocar o Brasil na liderança da pecuária de precisão.
E se inovação é sobre tirar o “achismo” da gestão, Cesar Macegosa, da Arroba Plus, está indo ainda mais fundo nesse propósito. A startup desenvolveu um sistema que dá ao pecuarista o controle total da sua operação: da entrada dos animais até a análise financeira e técnica do rebanho. Com um sistema robusto, mas simples, a Arroba Plus quer transformar dados em decisão estratégica, permitindo que o produtor saiba, antes do abate, se está no caminho do lucro. IA já é usada internamente na empresa, e o foco agora é conectar esta nova tecnologia para agregar na rastreabilidade e segurança alimentar à carne brasileira.
Mas e a terra, o acesso a ela, como fica? É aqui que entra a Arrenda Fácil, representada no Web Summit pelo empresário douradense Carlos Matoso. A startup, que faz parte do programa de aceleração do Living Lab de Mato Grosso do Sul, facilita o arrendamento de terras agrícolas de forma digital e transparente — um mercado que ainda sofre com informalidade e falta de estrutura. A proposta da Arrenda Fácil é clara: mais acesso, mais produtividade, mais negócio.
E quando falamos de inovação no campo, não é só sobre tecnologia. É sobre gente. Em um dos palcos, Giovanna Antonelli e Flávia Rosario (Manychat) deram o recado: quem não é visto, não é lembrado. O produtor rural precisa aprender a se comunicar, a colocar o rosto na internet, a contar sua história. Ferramentas como a Manychat permitem que o agro se relacione com seu público de forma simples, humana e escalável — sem precisar gastar com tráfego ou saber programar.
No fundo, o que vimos no Web Summit foi um Brasil rural que está se tornando digital. E não é futurismo — é agora.
Se você ainda acha que o agro está longe da IA, pense novamente. Porque o futuro já está em campo.





