Gustavo Vicente

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O campo brasileiro pode ser o maior prejudicado com a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos ao Brasil

O agronegócio brasileiro é forte, produtivo e cada vez mais tecnológico. Mas ainda tem uma fragilidade grave: a proteção do seu capital. E essa fragilidade ficou evidente novamente com o anúncio feito no início de julho: os Estados Unidos vão impor tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025.

A medida afeta diretamente produtos de peso como café, suco de laranja, carne bovina e aeronaves, setores nos quais o Brasil é líder ou tem importante participação global. A justificativa para as tarifas foi política, mas o impacto será econômico e, principalmente, sentido no campo.

Quando o risco não é climático, é político

O produtor rural brasileiro está acostumado a enfrentar intempéries: estiagem, excesso de chuva, pragas, alta no custo dos insumos. Mas há um tipo de risco para o qual muitos ainda não estão preparados: o risco geopolítico e financeiro.

Uma decisão em Washington, Bruxelas ou Pequim pode desvalorizar um contrato, encarecer uma exportação ou inviabilizar uma safra inteira. E a verdade é que boa parte dos produtores ainda toma decisões financeiras sem considerar esse tipo de ameaça.

Capital desprotegido é lucro vulnerável

Quem planta bem pode, sim, colher mal, se o capital não estiver protegido. Tarifas internacionais, variações cambiais e mudanças no cenário global podem reduzir drasticamente a margem de lucro do produtor, que muitas vezes já está comprometida com financiamento, insumos e folha de pagamento.

A gestão do capital precisa ser estratégica. Isso significa planejar o uso do crédito, entender as consequências de cada decisão econômica e, principalmente, blindar o patrimônio contra instabilidades que fogem do controle do produtor.

Buscar apoio técnico é parte da solução

Não dá mais para depender apenas da experiência de campo. É preciso buscar apoio profissional. Hoje, existem no Brasil empresas especializadas no setor financeiro com foco em agronegócio, que oferecem:

  • Planejamento financeiro de médio e longo prazo;
  • Reestruturação de dívidas e otimização do crédito;
  • Simulações de cenários de risco com base em fatores cambiais, tarifários e políticos;
  • Estratégias de proteção patrimonial e de fluxo de caixa para enfrentar crises externas.

Trata-se de profissionalizar a gestão do dinheiro com o mesmo rigor que se profissionalizou o plantio, a colheita e a logística.

O produtor precisa estar preparado para o inesperado

As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos não foram negociadas e não consideraram os impactos sobre os produtores. Elas simplesmente foram anunciadas para o dia 01 de agosto. E esse é o ponto central: o inesperado pode acontecer.

O produtor que tiver estrutura financeira e estratégia para enfrentar essas mudanças não apenas sobrevive, como ganha competitividade. Já quem ignora esses sinais, corre o risco de ver o trabalho de anos ser colocado em jogo por uma decisão tomada a milhares de quilômetros de distância.

Proteger o capital é, hoje, tão importante quanto proteger a lavoura.

Os artigos publicados são de responsabilidade dos colunistas e não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Total News

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Gustavo Vicente

Atua como consultor na área de Marketing e Comunicação. É jornalista, pós-graduando em Marketing pela USP e proprietário da Agência de Marketing, GV Agro Marketing. Tem como objetivo auxiliar produtores rurais e empresas do AGRO a divulgarem o seu trabalho na internet. | @gustavo.nv
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