COMPARTILHE

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Coletivo da Câmara Municipal de Campo Grande ouviu, nesta segunda-feira (26), o ex-diretor-presidente da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos Delegados (Agereg), Vinicius Leite Campos. Durante o depoimento, ele afirmou que o contrato vigente do transporte coletivo é insustentável.

“Esse contrato é inviável, tanto para o Consórcio quanto para o Município”, declarou Campos, justificando que ambas as partes estão insatisfeitas.

Diante da afirmação, os vereadores da CPI questionaram quais providências foram tomadas, incluindo a possibilidade de rescisão contratual. O ex-diretor argumentou que o modelo atual, baseado exclusivamente na tarifa paga pelo usuário, está ultrapassado. Segundo ele, uma nova licitação, mantidas as mesmas condições, não atrairia interessados em operar o serviço.

Campos defendeu que o transporte público precisa de aporte do poder público. “Espero que essa CPI ajude a ter um contrato futuro correto, que atenda à população, com índices fáceis de calcular”, afirmou.

Falhas no planejamento

Os parlamentares também questionaram a ausência da pesquisa Matriz OD (Origem/Destino), instrumento essencial para o planejamento do sistema de transporte coletivo da capital. A pesquisa, que avalia a satisfação dos usuários e subsidia melhorias, teve sua exigência contratual prorrogada, mas nunca foi realizada.

“Não ter tido a apresentação e a própria Agência não ter cobrado isso fragilizou a política de mobilidade do transporte”, criticou o vereador Dr. Lívio (União).

Campos afirmou não lembrar por que o documento não foi apresentado e disse que uma pesquisa feita pelo Consórcio poderia carecer de legitimidade, defendendo que o levantamento fosse feito pela Agetran. Ele também demonstrou preocupação com a renovação da frota e com linhas sobrepostas, que geravam prejuízos ao sistema.

Multas sem julgamento

Durante o depoimento, Campos relatou que, ao assumir a presidência da Agereg em 2017, encontrou aproximadamente 9 mil multas aplicadas pela Agetran ao Consórcio Guaicurus que ainda não haviam sido julgadas. O problema, segundo ele, estava na legislação, que atribuía essa análise ao Conselho de Regulação da Agência, com caráter deliberativo, o que inviabilizava o processo.

Diante dessa falha, foi elaborado um projeto de lei para a criação da Junta de Análise e Julgamento de Recursos de Transporte. No entanto, Campos não apresentou dados sobre as multas que teriam sido pagas ou anuladas.

Falta de estrutura

A falta de pessoal para fiscalização voltou a ser debatida. Campos afirmou que havia profissionais atuando no setor durante sua gestão e que não enfrentou problemas técnicos. Mesmo assim, a comissão defendeu a necessidade de um concurso público para reforçar os quadros da Agereg.

Vistorias em campo

A CPI também tem realizado inspeções presenciais. O vereador Maicon Nogueira (PP) relatou irregularidades observadas durante visita à garagem da Viação Cidade Morena, na região das Moreninhas. Segundo ele, foram encontrados diversos ônibus com problemas recorrentes, cuja manutenção se dava por medidas paliativas. Havia um plantão de mecânicos e funileiros no local.

“Pode ser uma medida legal, uma medida que o consórcio adota, mas me chamou atenção o contingente de mais de 20 ônibus parados”, disse. O parlamentar também apontou inconformidades na documentação de veículos, como licenciamento atrasado.

Suposta dívida de R$ 377 milhões

No início da sessão, o presidente da CPI, vereador Dr. Lívio, mencionou documento anexado a processo que tramita na 1ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Nele, o Consórcio Guaicurus afirma que deixou de receber R$ 377 milhões da Prefeitura de Campo Grande. Os documentos ainda serão analisados pela comissão.

Participação popular

A CPI atualizou os dados da Ouvidoria. Desde o início dos trabalhos, foram registradas 564 denúncias feitas pela população, a maioria por meio do WhatsApp.

Canais de contato com a CPI:

Próximas oitivas

A comissão segue com seu cronograma de depoimentos. Na próxima quarta-feira (28), serão ouvidos o diretor da Procuradoria Jurídica e presidente da Junta de Análise e Julgamento de Recursos da Agereg, Rodrigo Koei Marques Inoye, e o diretor de fiscalização e auditoria contábil da agência, José Corsine da Silva.

Com informações da Câmara Municipal
Foto: Izaias Medeiros

Os comentários a seguir não representam a opinião do Portal Total News

Deixe um comentário

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Total News MS

AD BLOCKER DETECTED

Indicamos desabilitar qualquer tipo de AdBlocker

Please disable it to continue reading Total News MS.