A Santa Casa de Campo Grande enfrenta uma crise financeira grave, colocando em risco a vida de pacientes internados e comprometendo atendimentos essenciais. Diante da situação, um grupo de médicos do hospital registrou um boletim de ocorrência nesta quarta-feira (26), denunciando a precariedade dos serviços e a falta de insumos.
Na denúncia, os profissionais relataram que pelo menos 70 pacientes aguardam por cirurgias e correm risco iminente de morte ou de desenvolver sequelas graves. O principal problema apontado é a falta de materiais cirúrgicos e medicamentos básicos.
O gerente médico da Santa Casa, Dr. Pedro Paulo Romano, afirmou que a crise financeira se agravou nas últimas semanas, afetando diretamente a capacidade de atendimento do hospital. Segundo ele, a ortopedia tem sido um dos setores mais impactados pela falta de recursos.

“Chegou um momento crítico, que já dura cerca de um mês, mas que piorou nas duas últimas semanas. Começamos a ter falta de materiais básicos para cirurgias e também de medicações essenciais. Na segunda-feira, a pré-ortopedia estava superlotada, com mais de 70 pacientes aguardando cirurgia, mas sem materiais cirúrgicos para realizá-las. Tivemos que bloquear a entrada de novos pacientes e iniciar transferências para outros hospitais”, afirmou.
Diante da gravidade do cenário, a Justiça determinou a liberação de R$ 46 milhões para o hospital, valor que deverá ser repassado pela Prefeitura de Campo Grande. A expectativa é de que os recursos sejam utilizados para o pagamento de fornecedores e médicos, permitindo a normalização do atendimento.
“Esperamos que esse valor entre logo nas contas do hospital para que possamos pagar fornecedores, regularizar os salários dos médicos e retomar os atendimentos de forma adequada. Nossa prioridade é garantir o suporte que a população de Mato Grosso do Sul merece”, destacou o gerente médico.
Apesar das dificuldades, Dr. Pedro Paulo Romano reforçou que os pacientes internados seguem recebendo suporte médico dentro das condições disponíveis. “Estamos realizando transfusões sanguíneas, administrando medicação para dor e mantendo os pacientes estáveis. No entanto, os procedimentos definitivos, que são as cirurgias, estão comprometidos”, explicou.
A Santa Casa de Campo Grande é o maior hospital do Mato Grosso do Sul e responde por grande parte dos atendimentos de urgência e emergência da região. A crise financeira tem sido um problema recorrente nos últimos anos, afetando diretamente a qualidade dos serviços prestados à população. Agora, os próximos passos dependem da efetiva liberação dos recursos determinados pela Justiça.