Márcio Pereira

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Assim como a Corrida Espacial do século XX definiu a disputa tecnológica e geopolítica entre Estados Unidos e União Soviética, a Inteligência Artificial (IA) emerge como o grande palco de inovação e poder do século XXI. Empresas como DeepSeek, OpenAI, Google, DeepMind e Meta lideram uma revolução que não só transforma a economia global, mas também redefine as relações entre nações. E Mato Grosso do Sul, com seu potencial agroambiental e empreendedor, tem a chance de surfar nessa onda.

Os novos “astronautas” da tecnologia avançam a passos largos. A OpenAI, por exemplo, criadora do ChatGPT, tornou-se um símbolo dessa era. Seu modelo GPT-4 já auxilia desde escritores até médicos, enquanto ferramentas como o DALL-E revolucionam a criação artística. Já a chinesa DeepSeek, até pouco tempo menos conhecida no Ocidente, avança em soluções de IA para finanças e logística, refletindo a ambição da China em dominar o setor. Não ficam para trás gigantes como a NVIDIA, cujos chips alimentam a infraestrutura global de IA, e startups brasileiras, como a Cogna, que exploram aplicações em educação e agronegócio.

Como impacto econômico, surge uma nova fronteira de riqueza. Um estudo da consultoria McKinsey estima que a IA possa adicionar US$ 13 trilhões à economia mundial até 2030. Setores como saúde, agricultura e energia já colhem frutos: algoritmos preveem doenças, drones monitoram plantações e sistemas otimizam o consumo de recursos. Para Mato Grosso do Sul, estado líder em agropecuária e biodiversidade, a IA oferece oportunidades únicas. Imagine sistemas capazes de prever pragas no cultivo de soja ou monitorar, em tempo real, a saúde do Pantanal. Startups locais, em parceria com universidades, já começam a explorar esse potencial.

Na geopolítica, o debate está aberto: quem controla a IA controla o futuro? Seremos reféns de um modelo, de algumas nações, de um idioma, de uma linguagem? Essa disputa pela supremacia em IA já divide o mundo. EUA e China investem bilhões em pesquisa e regulamentação, enquanto a União Europeia tenta equilibrar inovação com ética, como no Marco Regulatório da IA. Para países em desenvolvimento, como o Brasil, o desafio é evitar a dependência tecnológica. Assim, o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) 2024-2028, do qual participei da elaboração como membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, representa um marco histórico para o desenvolvimento tecnológico do país.

Conforme o Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento (IBID) de 2024, Mato Grosso do Sul está entre os dez estados mais inovadores do país e tem potencial para não ser apenas um mero espectador nessas transformações. Com um ecossistema em crescimento, universidades e instituições de ensino fortalecidas, ambientes de inovação consolidados, além de investimentos públicos e privados, sua vocação agroambiental e suas soluções sustentáveis baseadas na bioeconomia podem contribuir efetivamente para essa revolução da IA no Brasil e no mundo.

Se a Corrida Espacial nos levou à Lua, a IA nos conduz a um futuro onde máquinas e humanos colaboram em desafios antes impensáveis. Mas, como nos ensina a história, o progresso exige responsabilidade. Para Mato Grosso do Sul, é hora de embarcar nessa jornada – não como passageiro, mas como piloto. Afinal, na nova corrida pelo conhecimento, quem inovar primeiro, inovará melhor.

Os artigos publicados são de responsabilidade dos colunistas e não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Total News

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Márcio Pereira

Diretor-Presidente da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect). Graduado em Administração de Empresas, Mestre em Agronegócios e Doutor em Desenvolvimento Rural. Membro do Conselho Deliberativo do Sebrae-MS. | @marcioaper

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