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Com a chegada da Black Friday, uma das datas mais aguardadas pelo varejo e pelos consumidores, aumentam também as tentativas de fraude no ambiente digital. Boletos adulterados, e-mails promocionais falsos e páginas que imitam grandes redes de comércio estão entre os principais mecanismos usados por criminosos para enganar compradores e empresas.

Segundo levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil, quatro em cada dez consumidores já receberam ao menos uma tentativa de golpe durante promoções online. A engenharia social quando o golpista manipula a vítima para que forneça dados pessoais ou bancários, permanece como uma das estratégias mais comuns.

Dados da Serasa Experian mostram que o país registrou 6.937.832 tentativas de fraude no primeiro semestre de 2025, alta de 29,5% em relação ao mesmo período de 2024. A empresa destaca que datas de grande volume de compras, como a Black Friday, tendem a ampliar o cenário de risco.

“Apesar de ser uma ótima oportunidade para compras com descontos, também é uma data que esconde um lado negativo que são as incríveis promoções imperdíveis que sempre vêm acompanhadas de links maliciosos com intuito de capturar dados sensíveis e fazer com que realize compras em sites falsos”, afirma Marcelo Souza, responsável pelas áreas de Prevenção à Fraude e PLDFT do Grupo Bari.

E-mails e ofertas irresistíveis

O ataque mais comum é o phishing, modalidade em que golpistas enviam mensagens falsas, geralmente com links que direcionam para páginas maliciosas. Durante a Black Friday, caixas de entrada e aplicativos de mensagem se tornam alvos constantes.

Para Souza, o consumidor deve desconfiar de ofertas muito vantajosas. “Não abra e-mails com anexos desconhecidos e não clique em links suspeitos. Se estiver em dúvida sobre alguma promoção, entre em contato com a loja por meio dos canais oficiais para confirmar as informações. Além disso, é importante evitar o cadastro em sites de procedência duvidosa e manter o antivírus atualizado para reforçar a segurança de dados”, orienta.

Especialistas também recomendam uma verificação detalhada da página na qual a compra será feita. Isso inclui:

  • Conferir se o endereço começa com https://, o que indica conexão segura;
  • Verificar se há cadeado na barra de endereço e checar o certificado de segurança;
  • Utilizar navegadores confiáveis, como Chrome, Firefox e Edge;
  • Empregar extensões que bloqueiam sites suspeitos;
  • Observar erros de escrita, logos distorcidas ou páginas improvisadas;
  • Optar por cartões virtuais e senhas únicas;
  • Ativar alertas bancários de transação;
  • Desconfiar de pedidos excessivos de dados pessoais.

Métodos de pagamento

Ao finalizar a compra, a orientação é dar preferência a meios de pagamento com maior rastreabilidade. “Na hora de efetuar o pagamento, prefira sites que oferecem métodos de pagamento confiáveis, como cartões de crédito e PayPal, e evite os que aceitam apenas transferências bancárias ou criptomoedas. Se for utilizar Pix ou boleto bancário, confira o nome e a conta de destino para ter certeza de que é o estabelecimento correto”, afirma Fernando Malta, diretor de Segurança da Informação da Evertec.

Riscos também para lojistas

Com a alta demanda do período, comerciantes também precisam reforçar a segurança dos seus sistemas. A iugu, empresa brasileira de tecnologia financeira, recomenda investimentos em páginas de checkout personalizadas, com domínio próprio e identidade visual padronizada.

“Um checkout personalizado transmite credibilidade e ajuda o cliente a reconhecer o ambiente da marca, o que é essencial para evitar golpes e garantir a conversão”, diz Fabricio Divitiis, superintendente comercial da companhia.

Ele reforça que falhas internas também podem comprometer as vendas. “Planejamento, testes e segurança são as palavras-chave da Black Friday”, afirma..

O Código de Defesa do Consumidor assegura arrependimento em até sete dias para compras feitas fora de lojas físicas. “É essencial observar também como funcionam as regras de cancelamento, mudanças de planos, troca em casos de defeito ou insatisfação, já que a falta de clareza nesses pontos costuma gerar problemas e frustrações ao consumidor”, diz Rafael Figueiredo, CEO da D4Sign by Zucchetti.

Golpes que exploram o emocional

Além das fraudes relacionadas às compras, outras práticas se intensificam no fim do ano. Entre elas estão o golpe do falso advogado e o do crédito facilitado.

Segundo Antonio de Pádua Parente Filho, Chief Legal, Compliance e Risk Officer do Grupo Braza, golpistas se passam por profissionais e informam que a vítima teria ganhado um processo judicial. Para liberar o suposto valor, cobram taxas via Pix. No caso do crédito facilitado, a promessa de financiamento rápido com “desconto de Black Friday” atrai principalmente pessoas endividadas.

“Esses golpes são comuns entre idosos e se intensificam próximo a feriados e fim de ano, quando há maior expectativa por dinheiro extra, como o 13º salário. Por isso, é preciso ficar atento e nunca realizar pagamentos antecipados sem verificar a origem, desconfiar de ofertas muito vantajosas, confirmar qualquer contato com instituições por canais oficiais, usando outro aparelho, e evitar clicar em links recebidos por WhatsApp ou e-mail sem verificação”, afirma.

Biometria e tokenização

Com o avanço das fraudes, soluções tecnológicas têm sido adotadas por empresas para reforçar a segurança do consumidor. A biometria, que valida a identidade por características únicas como rosto, voz, íris, impressão digital e comportamento, vem ganhando espaço.

Para Antonio Carlos Censi, diretor de Tecnologia da Montreal, o recurso reduz drasticamente o risco de compras feitas por criminosos que obtiveram dados vazados. “Essas tecnologias garantem que quem realiza a compra é realmente o titular da conta, e não alguém com dados roubados ou clonados”.

A tokenização também se destaca como mecanismo de segurança, substituindo dados sensíveis por códigos criptografados. “O consumidor de hoje é híbrido: ele compra no físico, no digital, no aplicativo, no marketplace. Se o varejo quer manter sua confiança, precisa oferecer segurança em todas as jornadas e a tokenização pode ser o caminho mais sólido para isso”, afirma André Carneiro, CEO da BBChai.

Com o volume de compras previsto para crescer em novembro, especialistas reforçam que informação, cautela e verificação são as principais ferramentas para evitar prejuízos, tanto para consumidores quanto para lojistas.

Foto: Freepik

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