Participar da discussão sobre a Geração Zalpha durante a NRF 2025 foi como explorar uma nova fronteira no varejo. O impacto que essa geração Zalpha (uma fusão de Gen Z e Alpha) está tendo no mercado é imenso, desafiando as normas tradicionais e forçando as marcas a se reinventarem constantemente. Ao contrário das gerações anteriores, que seguiram padrões mais previsíveis, os Zalpha trazem uma abordagem radicalmente fluida e consciente para o consumo, redefinindo o que significa ser relevante no mundo digital e físico.
Um dos pontos mais marcantes da discussão foi a ideia de que a Geração Zalpha não distingue entre o mundo digital e o físico. Essa integração total é natural para eles. Winnie Burke, da Roblox, mencionou um dado fascinante: 56% da Gen Z afirmam que o estilo de seus avatares digitais é mais importante do que sua aparência física. Isso reflete não apenas a relevância do digital em suas vidas, mas também uma transição cultural onde a expressão pessoal transcende o mundo real. Como empreendedor, essa perspectiva me faz refletir sobre o quanto nossas marcas estão preparadas para operar nesse “híbrido fluido”. Não se trata mais de ter uma estratégia digital, trata-se de viver e criar dentro desse espaço de fusão.
Outro aprendizado importante foi o papel da colaboração com essa geração na construção de marcas. Meghan Hurley, da Claire’s, destacou que os jovens não querem apenas consumir, eles querem participar. A linha C.Body, criada em parceria com os Zalpha, exemplifica como as marcas podem cocriar produtos que realmente ressoem com esse público. Essa colaboração vai além do marketing, inserindo os consumidores no processo criativo. Para mim, esse é um sinal claro de que o varejo precisa abandonar o modelo unilateral e adotar um relacionamento bilateral e dinâmico com seu público.
Além disso, o painel trouxe uma abordagem inovadora sobre publicidade. A Zalpha é “alérgica” às formas tradicionais de propaganda. Isso me fez refletir sobre como estamos nos comunicando com o público mais jovem. O storytelling deve ser autêntico e centrado na experiência, não na venda. A experimentação em formas de engajamento, como ações imersivas dentro da Roblox ou campanhas interativas nas redes sociais, mostra como o varejo pode se reinventar. Brent Mitchell, da Sephora, reforçou que essa geração ainda valoriza as lojas físicas, mas busca experiências que conectem descobertas digitais ao mundo físico.
Um dado particularmente poderoso foi o engajamento no universo digital. Os consumidores da Geração Zalpha personalizaram seus avatares 10 bilhões de vezes em um ano na Roblox. Esse comportamento não é apenas um reflexo de criatividade, mas uma demonstração do desejo dessa geração de moldar suas próprias narrativas e identidade. Isso destaca uma oportunidade para as marcas oferecerem ferramentas que permitam aos consumidores personalizar e cocriar produtos.
Por fim, o painel reforçou a importância de entender que o poder do consumidor jovem está na sua capacidade de ditar os termos do relacionamento com as marcas. Eles são informados, criativos e exigentes. Para conquistar sua lealdade, precisamos oferecer não apenas produtos, mas um ecossistema de experiências e conexões genuínas.
Essa discussão deixou claro que o futuro do varejo não será liderado por quem vende mais rápido ou de forma mais barata, mas por quem entender melhor como se conectar emocional e criativamente com seus consumidores. Para empreendedores e líderes, o desafio está lançado, como podemos trazer inovação, colaboração e autenticidade para o centro de nossas estratégias?
DIJAN DE BARROS
NRF2025