A maternidade pode surgir de um processo de adoção, de uma escolha consciente de deixar a vida acontecer — ou mesmo de uma insistência silenciosa, enfrentando exames e diagnósticos. O Dia das Mães, celebrado neste domingo (11), é um convite para olhar além dos clichês e reconhecer a pluralidade das mulheres que se tornam mães — seja pelo ventre, pelo coração ou pela fé.
A seguir, o Total News MS conta três histórias diferentes que mostram como esse elo pode surgir em diversos contextos.
Do impossível ao milagre



Sete anos. Esse foi o tempo entre a decisão de engravidar e o nascimento do primeiro filho de Ilka Bueno, advogada, casada, diagnosticada com síndrome dos ovários policísticos. O que a sustentou durante esse período foi a fé.
“Um médico chegou a dizer: ‘De novo, você não desistiu ainda?’, mas eu acreditava em um Deus que faz milagres. Isso me manteve firme, mesmo quando o exame dava positivo, mas a gravidez era ectópica, ou quando perdi o bebê depois de uma nova tentativa”, conta.
O processo, segundo ela, não foi apenas físico, mas profundamente espiritual. “Minha igreja inteira orava comigo. Era um clamor coletivo, uma comunhão pela vida que eu sonhava gerar.”
A gestação de Pedro Jorge, o primeiro filho, foi marcada por riscos, quedas e até um acidente de carro. “Um dia, Deus usou um pastor para me dizer que Ele é médico dos médicos — o ginecologista dos ginecologistas. Sempre acreditei nessa promessa”, lembra.
Entre cirurgias, um aborto espontâneo e complicações na gravidez, ela manteve a fé e viu sua vida ser transformada com a chegada de Pedro Jorge — e, depois, de Linda Ester.
Anos após a primeira gestação, quando Ilka já pensava ter encerrado o ciclo da maternidade, veio a notícia de uma nova gravidez.
“Eu achava que não iria mais engravidar. Pensava que era só o Pedro e estava tudo bem, mas Deus me agraciou. Fez eu gerar novamente, e veio a Linda Ester. Minha porção dobrada.”
A maternidade, para Ilka, é um testemunho vivo de sua crença em milagres. “Quando olho para meus filhos, vejo o poder de Deus.”
Descobriu no amor o acolhimento



A empresária Diana Leite teve seu primeiro filho, Benjamin, de forma natural. Mas depois dele, vieram o diagnóstico de endometriose, tentativas frustradas de fertilização e o doloroso laudo dizendo que não poderia mais gerar. “Foi um processo de quatro anos tentando engravidar. Só Deus sabe o que passei”, lembra.
Foi o marido quem trouxe a palavra que mudaria tudo: adoção. “No começo, eu nunca tinha considerado, mas quando ele me perguntou ‘Por que não?’, algo despertou em mim. Fizemos o curso, passamos pela avaliação de assistentes sociais, psicólogos, tudo durante a pandemia. Foi um processo demorado, mas hoje, olhando para trás, vejo que foi rápido”.
Após o período na fila da adoção, veio a notícia que o casal tanto esperava — em dose dupla, com um casal de irmãos: Lucas, recém-nascido, e Anthony, com 6 anos.
Diana explica que o processo da adoção é delicado, principalmente no momento de criar uma conexão com a criança.
“O Lucas era recém nascido, saiu do hospital e foi direto para o abrigo e do abrigo direto para os meus braços, com ele o laço foi instantâneo. Quando eu o peguei pela primeira vez em meus braços foi surreal. A gente se amou. Com o Anthony demorou mais, pois já era uma criança de 6 anos, com muitos traumas e com muitas dores. Levou um tempo a mais para criarmos esse laço entre mãe e filho, mas hoje temos uma linda relação”, disse.
Hoje, após quatro anos juntos, ela afirma com segurança: “Não existe diferença. Deus me deu a possibilidade de ter o Benjamin, e mostrar para mim que entre um filho biológico e um filho de adoção, não há diferença nenhuma. O que manda é o laço de amor, que só Deus pode explicar”.
Em um recado às mulheres que tentam engravidar, Diana reforça que a adoção também pode ser considerada, pois é uma porta possível para realizar o sonho da maternidade. “Há muitas crianças chorando por um lar e há muitas mulheres chorando por um filho, então que esse encontro possa acontecer na vida de todas, assim como aconteceu na minha vida”.
Aberta à vida



Letícia Correa, casada, 30 anos, tem três filhos e está grávida de gêmeas. Em um tempo em que a maternidade costuma ser planejada até o último detalhe, ela escolheu viver de forma diferente: aberta à vida, como define.
A escolha não veio por doutrina ou influência religiosa, mas por uma experiência transformadora na primeira gravidez, quando estava com 14 semanas e teve um diagnóstico de risco, com a possibilidade real de um aborto.
“Ficamos realmente de mãos atadas diante da grandiosidade da vida e dos desígnios de Deus. Não podíamos fazer nada para que aquela gravidez continuasse a não ser orar e crer que era Deus quem sabia quem tinha que nascer”.
Desde então, a família cresceu rápido. Aos 30, Letícia é mãe de três filhos – Olivia, Benício e Cecília – e está no final da gestação de gêmeas. Com tantas novidades e novas necessidades impostas pela sociedade, Letícia conta que mesmo sem seguir os padrões, têm conseguido criar seus filhos bem.
“Você já viu a lista de enxoval dos tempos atuais? Estou criando 5 filhos sem ter 10% daquilo que dizem ser essencial para uma maternidade feliz”.
Para Letícia, mais desafiador do que as fraldas ou o cansaço é formar filhos em um mundo repleto de valores conflitantes.
“Não podemos negar a realidade. Os acessos a informações contrárias àquilo que a família ensina, a degradação cultural e ideológica, a relativização de muitos temas… isso me ‘espanta’ mas ao mesmo tempo, sei que assumir a responsabilidade e estar presente nesse processo de criar um ser humano é a minha função e do meu marido nesse tempo”.
Ela define a maternidade com uma palavra: chamado. “Tenho amigas que, mesmo já tendo filhos e sendo “abertas a vida”, não têm filhos quando querem ou quando deixam de evitá-los. Então passar a entender que quando Deus envia uma criança para uma família, é porque esse é o propósito para o qual vocês deveriam se dedicar com a mente e coração, diminui a chance de você olhar para fora e achar que está “perdendo” alguma coisa com a maternidade”.
Amor em todas as formas
O que une essas histórias é algo que não se mede em laço sanguíneo ou processuais. É o amor que nasce da entrega, da paciência e da coragem. Neste Dia das Mães, fica o convite para olhar além do óbvio. Nem toda mãe tem o mesmo começo – mas todas compartilham a mesma entrega: viver com o coração batendo fora do peito.
O que une essas histórias é algo que não se mede por laço sanguíneo nem por processos legais. É o amor que nasce da entrega, da paciência e da coragem. Neste Dia das Mães, fica o convite para olhar além do óbvio. Nem toda mãe tem o mesmo começo — mas todas compartilham a mesma entrega: viver com o coração batendo fora do peito.