Temos escrito semanalmente sobre Fé. Nossa coluna trabalha o tema ANDAR COM FÉ. Nesta semana queremos ver um pouco sobre algo muito importante, que devemos associar à fé. A gratidão.
Vivemos em um mundo repleto de incertezas, onde perdas, frustrações e desafios fazem parte da jornada humana. Em meio a esse cenário, duas virtudes se destacam como âncoras da alma: fé e gratidão. Embora muitas vezes associadas a momentos de bonança, é nos vales da vida que essas virtudes revelam sua verdadeira profundidade
A Natureza da Fé e da Gratidão – A Fé pode ser definida como a crença inabalável em algo que não se vê, (Hebreus 12:1)a certeza de que o futuro será favorável, mesmo diante das incertezas do presente. É a âncora que nos mantém firmes durante as tempestades, a convicção de que há um propósito maior e a força poderosa de Deus a guiar os acontecimentos.
Por sua vez, a Gratidão é o reconhecimento sincero e a apreciação pelos benefícios recebidos, sejam eles grandes ou pequenos. É a lente através da qual enxergamos o lado positivo da vida, uma prática que nos tira do foco na escassez e nos direciona para a abundância. A gratidão não nega a dor ou o desafio, mas escolhe valorizar o que é bom, o que já foi conquistado ou o que está presente.
A Interação entre Fé e Gratidão – A verdadeira força dessas virtudes reside na sua interdependência. A Fé e a Gratidão não são práticas isoladas; elas se alimentam mutuamente em um ciclo contínuo de bem-estar e significado.
1. A Fé como Fundamento da Gratidão: A Fé fornece o solo fértil para a Gratidão. Quando se tem Fé em um plano maior, em um futuro promissor ou na própria capacidade de superação, torna-se mais fácil ser grato. A Fé permite que se veja o desafio não como um obstáculo intransponível, mas como uma oportunidade de crescimento. A pessoa de Fé é grata não apenas pelas bênçãos óbvias, mas também pelas “bênçãos disfarçadas” – as lições e o amadurecimento que vêm com as dificuldades. A convicção de que “tudo coopera para o bem” transforma a adversidade em motivo de gratidão antecipada.
2. A Gratidão como Prova e Fortalecimento da Fé: A Gratidão, por sua vez, é a manifestação prática e a prova da Fé. Ao reconhecer e agradecer pelos pequenos milagres e pelas provisões diárias, a pessoa reafirma sua crença. Cada ato de gratidão é um testemunho de que a Fé está ativa e produzindo frutos. Esse reconhecimento constante reforça a convicção, tornando a Fé mais robusta e menos suscetível às dúvidas e ao desânimo. A Gratidão nos mantém conectados ao presente, lembrando-nos das evidências concretas da bondade e do suporte que já existem em nossa vida, o que, por sua vez, alimenta a Fé no futuro.
ESTUDO DE CASO – Para compreendê-las em sua essência, podemos olhar para a vida de um dos personagens mais emblemáticos da Bíblia
Jó: Um Exemplo de Fé Inabalável
Jó era um homem íntegro, justo e temente a Deus. Sua vida era marcada por prosperidade, família numerosa e respeito na comunidade. No entanto, em um curto espaço de tempo, ele perdeu tudo: seus bens, seus filhos e sua saúde. O que poderia ter sido o fim de sua fé tornou-se, paradoxalmente, o palco de sua maior demonstração de confiança em Deus.Mesmo mergulhado na dor, Jó declarou: “O Senhor o deu, o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1:21). Essa frase não é apenas uma expressão de resignação, mas um testemunho de fé que transcende as circunstâncias. Jó não compreendia o motivo de tanto sofrimento, mas escolheu confiar. Sua fé não estava baseada no que Deus fazia por ele, mas em quem Deus era.
Gratidão em Meio à Adversidade – A gratidão de Jó não se manifestou apenas nos dias bons. Ela brilhou com mais intensidade nos dias escuros. Em vez de se revoltar, ele reconheceu que tudo o que possuía era dádiva divina. Essa consciência o impediu de cair na amargura. A gratidão, nesse contexto, não é um sentimento passageiro, mas uma postura de vida, uma escolha deliberada de reconhecer a bondade de Deus mesmo quando tudo parece ruir.
Gratidão não é negar a dor, mas encontrar sentido mesmo nela. É dizer “obrigado” não apenas pelo que se tem, mas também pelo que se aprende. Jó, ao final de sua jornada, não apenas teve sua vida restaurada, mas também experimentou uma revelação mais profunda de Deus: “Antes eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem” (Jó 42:5).
Conclusão – Fé e Gratidão Hoje
Nos dias atuais, somos constantemente pressionados a medir nossa fé pelos resultados e nossa gratidão pelas conquistas. No entanto, a história de Jó nos convida a um caminho mais profundo: confiar mesmo sem entender, agradecer mesmo sem receber.
Fé e gratidão são inseparáveis. A fé nos sustenta quando tudo desaba; a gratidão nos lembra que, mesmo no caos, há motivos para louvar. Jó nos ensina que é possível manter o coração firme e grato, mesmo quando a vida nos desafia ao extremo.
Que possamos, como ele, cultivar uma fé que resiste às tempestades e uma gratidão que floresce mesmo no deserto. Pois, no fim, não é o que temos que define nossa jornada, mas a maneira como escolhemos caminhar com Deus em cada estação da vida.
