Todo mundo conhece alguém que engorda com facilidade — e outro que come de tudo e não ganha um grama. Essa diferença costuma ser atribuída ao famoso “metabolismo lento”. Mas afinal, isso é mesmo real ou apenas uma desculpa? A ciência tem respostas interessantes, vem acompanhar comigo.
O que é o metabolismo — e por que ele varia
O metabolismo é o conjunto de reações químicas que mantém o corpo funcionando: respirar, pensar, digerir, manter a temperatura e até dormir gastam energia. O gasto energético total de uma pessoa é dividido em três partes:
- Taxa metabólica basal (TMB) — energia gasta apenas para manter o corpo vivo (representa cerca de 60 a 70% do total).
- Termogênese dos alimentos — energia usada para digerir e absorver nutrientes (10%).
- Atividade física e movimentos do dia a dia — o restante.
Ou seja: mesmo em repouso, o corpo está queimando calorias o tempo todo.
Por que algumas pessoas têm metabolismo mais rápido
Sim, o metabolismo pode variar, mas não tanto quanto se imagina. Estudos mostram que as diferenças entre pessoas do mesmo sexo e idade geralmente não passam de 10 a 15%. Os principais fatores que o influenciam são:
- Massa muscular: músculos queimam mais energia do que gordura, mesmo em repouso.
- Idade: o metabolismo tende a diminuir naturalmente a partir dos 30 anos, com a perda de massa magra.
- Sexo: homens, em média, têm metabolismo mais rápido devido à maior proporção de massa muscular.
- Genética: pode ter um papel, mas é menor do que o estilo de vida.
- Sono e hormônios: alterações em hormônios como tiroide, insulina e cortisol também afetam o metabolismo.
O que não é metabolismo lento
É comum pessoas associarem qualquer dificuldade para emagrecer a um “metabolismo travado”. Mas, segundo estudos publicados no American Journal of Clinical Nutrition e no Nature Metabolism, o mais comum é que as pessoas subestimem o quanto comem e superestimem o quanto gastam. Em outras palavras: na maioria dos casos, o problema está no balanço energético desregulado, não em um metabolismo “defeituoso”.
É possível “acelerar” o metabolismo?
Algumas estratégias podem ajudar a otimizar o gasto calórico natural do corpo, mas não existe milagre. Acompanhe o que tem respaldo científico:
- Aumentar massa muscular: O treino de força é o método mais eficaz, pois o músculo é metabolicamente ativo.
- Dormir bem: A privação de sono altera o metabolismo da glicose e aumenta a grelina, o hormônio da fome.
- Comer proteínas em todas as refeições: A digestão das proteínas gasta mais energia que a de carboidratos ou gorduras, além de te ajudar a ganhar massa muscular juntamente ao exercício.
- Manter-se ativo ao longo do dia: Pequenos movimentos (levantar, andar, subir escadas) somam muito no gasto calórico total.
- Evitar dietas muito restritivas: Cortar demais as calorias faz o corpo reduzir o metabolismo como mecanismo de defesa, o chamado “modo econômico”.
Quando o metabolismo realmente está alterado
Em alguns casos, o metabolismo pode estar clinicamente reduzido, como em:
- Hipotireoidismo (baixa produção de hormônios da tireoide)
- Síndrome de Cushing
- Deficiências nutricionais severas ou perda extrema de massa magra
Nesses casos, é essencial uma avaliação médica e nutricional completa, com exames laboratoriais e acompanhamento.
Conclusão
O “metabolismo lento” existe, mas é muito mais raro e menos determinante do que se imagina. Na maioria das vezes, o que desacelera o emagrecimento é um conjunto de hábitos: alimentação inadequada, sedentarismo, sono ruim e estresse crônico. Ou seja: em vez de procurar “atalhos” para acelerar o metabolismo, o segredo está em cuidar do corpo como um todo, com alimentação equilibrada, movimento diário e descanso adequado. Procure um profissional nutricionista habilitado para te acompanhar e te ajudar a alcançar seus objetivos, e claro, mais saúde e longevidade.
















