Fiel criou uma tradição com o bolo de Santo Antônio – e foi escolhida pelo santo
Para os solteiros de plantão: ainda há uma chance no amor. Isso porque hoje, dia 13 de junho, é celebrado o dia de Santo Antônio, conhecido como o santo casamenteiro. É ele quem inspira uma das tradições mais queridas de Campo Grande: o famoso bolo de Santo Antônio, promovido pela Catedral Nossa Senhora da Abadia e Santo Antônio, no centro da cidade.
A iguaria recheada de sabor e simbolismo promete, a quem encontrar a aliança escondida entre as camadas de massa e recheio, um futuro repleto de amor. Neste ano, são 17 mil bolos de pote, com três mil alianças escondidas – incluindo dois pares de alianças de ouro. A produção mobilizou uma força-tarefa de 100 voluntários.
Mas se tem tanta demanda, é porque há fé e histórias que alimentam o imaginário. Muitos casais afirmam ter se formado após encontrarem a aliança. Outros, como as médicas veterinárias, Claudianara Vieira e Ana Flávia, seguem buscando a sorte de encontrar a aliança e, no processo, criam tradições que vão além da brincadeira.
Claudianara começou o ritual em 2022. Naquele ano, incentivada pela amiga Ana Flávia, decidiu comprar um bolo. Como a igreja estava cheia, as duas foram para o carro e transmitiram o momento em uma live no Instagram, porém sem sucesso em encontrar a aliança. A transmissão, despretensiosa, virou tradição.
“Depois dessa primeira vez, o pessoal do trabalho e os amigos da faculdade viram o vídeo e começaram a comentar, achando engraçado. No ano seguinte, já perguntavam: ‘Vai ter live do bolo esse ano?’ E assim começou. Hoje, virou uma marca. Todo 13 de junho, eu compro, faço a live e todo mundo acompanha”.
Em 2024, Ana Flávia encontrou a aliança logo no primeiro pote. Claudianara, até então, não. Isso só aumentou a competição bem-humorada entre as amigas. “Ela conseguiu encontrar e aí virou uma competição. E eu, que não sou nem um pouco competitiva, agora quero encontrar também”, brinca.
Apesar de já estar noiva e com casamento marcado, Claudianara seguiu firme na tradição – e neste ano, pela primeira vez, encontrou a tão esperada aliança. “Na hora, foi uma mistura de surpresa e emoção. Fiz a live como todos os anos, abri os potes e, de repente, lá estava ela. Foi especial demais”, relata.

Neste ano, tanto Ana quanto Claudianara conseguiram encontrar a almejada aliança. Para Ana, encontrar a segunda aliança foi igualmente emocionante. “É, primeiramente, de alegria por ter achado a aliança, porque, querendo ou não, não é só uma aliança. A parte de achar a aliança em si significa que a gente ainda pode acreditar no amor, na família, principalmente ter fé. Ter esperança numa família voltada para a igreja, encontrar alguém que preencha isso também. É um sentimento de gratidão. E viver isso com a melhor amiga da faculdade, depois de quase cinco anos de promessa, é ainda mais especial”.
Neste ano, Claudianara comprou 15 bolos – quatro para si e o restante para amigas que, ao acompanharem sua trajetória, também quiseram participar. “Elas viram todo esse carinho que eu criei por Santo Antônio e entraram na brincadeira. Agora é um movimento coletivo”.
Entre um pote e outro, Claudianara também encontrou algo maior do que uma aliança: a Fé. O gesto de brincar, buscar e compartilhar foi ganhando novo significado com o tempo.
“A história de Santo Antônio é linda. Ele é muito mais do que apenas um Santo Casamenteiro. São diversos milagres que a gente consegue ficar sabendo que ele fez. E pesquisando, fui me apaixonando pela história dele. Até que assisti a uma live de um cantor, que disse: ‘Não é a gente que escolhe o santo. É o santo que escolhe a gente’. Aquilo tocou meu coração”, disse.
Hoje, Claudianara se declara devota de Santo Antônio, que define como um símbolo de proteção e amor. “No meio de uma brincadeira, encontrei um ato de fé. E agora, com a aliança nas mãos, tenho ainda mais certeza de que fui escolhida por ele”, afirma, emocionada.