Nunca vou esquecer a sensação de pisar pela primeira vez em Santa Rita do Sapucaí para o HackTown. Já conhecia a reputação do evento, já havia escutado relatos inspiradores de amigos e colegas, mas viver essa experiência na pele e mais ainda, como palestrante superou todas as minhas expectativas. Foi como mergulhar de cabeça em um universo onde inovação, criatividade e propósito caminham de mãos dadas.
Logo nos primeiros minutos, entendi por que o HackTown é diferente de tudo. A cidade, com seus 40 mil habitantes, se transforma completamente durante o festival. Escolas, bares, cafés, praças e até casas viram palcos para conversas provocadoras, encontros improváveis e descobertas que mexem com a gente por dentro. É impossível andar algumas quadras sem cruzar com alguém que carrega no olhar o brilho de quem está aprendendo, trocando e se reinventando.
O principal motivo que me levou até lá foram as conexões que tive a oportunidade de plantar e colher ao longo destes últimos oito anos com o Café com Negócios. Nosso ecossistema, nascido com o propósito de gerar conexões reais, abrir caminhos e fortalecer lideranças, foi a ponte que me levou até Santa Rita do Sapucaí. E foi emocionante perceber como esse movimento, que nasceu em Mato Grosso do Sul, se conecta com tantos outros que também buscam impacto, transformação e sentido.
Foram mais de mil palestras, 1.200 atividades e 15 mil credenciados vivendo uma verdadeira imersão em tecnologia, negócios, cultura, saúde, sustentabilidade, ancestralidade, inteligência artificial, diversidade, espiritualidade e brasilidade. A seleção de temas e speakers me impressionou pela diversidade e profundidade. Não era sobre tendências soltas, mas sobre como essas inovações e ideias impactam realidades da favela ao Vale do Silício, do interior mineiro aos grandes centros globais.
Poder palestrar nesse cenário foi, sem dúvida, uma das maiores honras da minha trajetória. Mais do que compartilhar conteúdo, foi uma oportunidade de contribuir para uma rede de transformação genuína. Falei com o coração, conectei com pessoas incríveis, recebi trocas sinceras, e saí dali cheio de novas perguntas e provocações para aplicar nos meus próprios projetos.
O HackTown não é um evento comum, é um organismo vivo. E o que mais me tocou foi ver como ele respeita e valoriza a cidade que o abriga. O impacto econômico direto é evidente, restaurantes, pousadas, padarias e pequenos comércios lotados. Mas o mais poderoso é o legado invisível, que fica depois que as luzes se apagam. A ampliação de repertório, o fortalecimento do ecossistema local, o despertar de sonhos em jovens e empreendedores que talvez nunca tivessem acesso a esse tipo de conexão.
É impossível sair do HackTown sendo a mesma pessoa que chegou. Você pode ter ido em busca de uma palestra específica, mas volta para casa com uma ideia completamente nova, com um insight provocado por uma conversa ao acaso com um estranho em um café. Foi o que aconteceu comigo. Em poucos dias, vivi encontros que poderiam facilmente levar anos para acontecer e todos com a leveza de quem compartilha, sem ego, sem palco, apenas com a vontade genuína de construir algo novo juntos.
A curadoria ousada, que mapeia referências em centros como Harvard, MIT, Medellín, Cuzco, Xangai e comunidades periféricas brasileiras, é o que dá ao HackTown esse sabor tão autêntico. Ali, não há uma verdade única, mas sim múltiplos olhares que se encontram e se respeitam. A inovação nasce desse cruzamento entre o cientista e o músico, o executivo e o artista, o investidor e o estudante.
Voltei para casa com a certeza de que o Brasil tem muito a ensinar ao mundo quando faz do seu jeito. O HackTown é a prova viva disso. Um festival com alma, com propósito, com impacto que respeita as raízes e planta sementes para um futuro mais colaborativo, criativo e humano. E como disse um dos fundadores, “O show do HackTown são as pessoas”. Eu tive a sorte de ser uma delas em 2025. E já começo a contagem regressiva para voltar na próxima edição.