Com a aproximação do fim do ano, especialistas em finanças pessoais recomendam que o planejamento para 2026 comece ainda em dezembro, com organização das contas, definição de metas e revisão de hábitos de consumo. Segundo analistas do grupo financeiro Bari, promessas genéricas de economia tendem a falhar sem um plano estruturado e acompanhamento contínuo.
De acordo com a instituição, entender os indicadores que afetam o orçamento doméstico é essencial tanto para quem busca equilibrar as contas quanto para quem pretende investir ou contratar crédito de forma consciente. A chegada de um novo ano, afirmam os especialistas, é uma oportunidade para revisar rotas e estabelecer objetivos financeiros mais claros.
Diagnóstico das finanças
O primeiro passo indicado é fazer um diagnóstico detalhado da situação atual. Isso inclui mapear a renda e dividir os gastos em categorias. As despesas fixas são aquelas que não mudam no curto prazo, como aluguel, condomínio e mensalidades. Já as despesas variáveis oscilam mês a mês, como gastos com lazer, supermercado e transporte.
Segundo os especialistas, essa separação ajuda a identificar quanto da renda já está comprometida. A recomendação é analisar os extratos bancários dos últimos três meses e categorizar cada saída. “A sensação de que o dinheiro ‘sumiu’ geralmente vem da falta de rastreamento”, afirmam os consultores do Bari.
Estudos da Nielsen apontam que gastos pequenos e recorrentes, como assinaturas pouco utilizadas ou compras por impulso, podem consumir uma parcela relevante do orçamento, reduzindo a capacidade de poupança ou investimento.
Metas e estratégia para o ano
Após o diagnóstico, o próximo passo é definir objetivos financeiros concretos para 2026. Uma das estratégias sugeridas é a divisão das metas por prazo. No curto prazo, entram objetivos como quitar dívidas ou planejar uma viagem. No médio prazo, trocar de carro ou dar entrada em um imóvel. Já no longo prazo, metas como aposentadoria ou independência financeira.
Outra abordagem destacada é a metodologia 50/30/20, que propõe a divisão da renda em três partes: 50% para necessidades básicas, 30% para gastos pessoais e 20% para prioridades financeiras, como quitar dívidas ou investir. A regra busca equilibrar responsabilidade e qualidade de vida e é amplamente citada por especialistas por incentivar o hábito constante de poupança.
Dívidas e reserva de emergência
Para quem está no vermelho, a prioridade deve ser a quitação de dívidas com juros elevados, como cartão de crédito e cheque especial. Dados do Banco Central indicam que as taxas do rotativo do cartão podem ultrapassar 400% ao ano, o que compromete o orçamento no médio e longo prazo.
Uma alternativa citada é a consolidação de dívidas, com a troca de créditos caros por modalidades com juros menores. “Essa operação, frequentemente, envolve a substituição de taxas que podem variar de 10% a 20% ao mês por taxas significativamente menores, geralmente entre 1,15% e 1,20% ao mês”, afirma Lucas Ortega, líder comercial do B2C do Bari. Segundo ele, o empréstimo com garantia de imóvel pode permitir a reorganização do orçamento, com prazos de pagamento mais longos.
Para quem já não tem dívidas ou conseguiu quitá-las, a recomendação é formar uma reserva de emergência. O ideal, segundo os especialistas, é acumular o equivalente a pelo menos três meses do custo de vida, aplicado em investimentos de alta liquidez e baixo risco, como CDBs com liquidez diária ou títulos do Tesouro Selic.
Ferramentas e acompanhamento
A escolha de ferramentas de controle também é considerada essencial. Planilhas, aplicativos ou até anotações em caderno podem ser usados, desde que haja disciplina. Os especialistas recomendam revisar o planejamento a cada três meses, ajustando metas e percentuais conforme mudanças na renda ou nas despesas.
A tecnologia também pode ajudar nesse processo. Aplicativos que utilizam inteligência artificial conseguem categorizar automaticamente os gastos e prever o fluxo de caixa, alertando sobre riscos de extrapolar o orçamento. Pesquisa da Forbes Advisor, divulgada em 2024, indica que 56% dos usuários dessas ferramentas afirmam ter economizado mais ou quitado dívidas mais rapidamente com o apoio da IA.
Segundo o Bari, períodos de fim de ano exigem atenção redobrada por causa do aumento do consumo. “Sabemos o desafio quando conversamos sobre organização financeira, principalmente em períodos de final de ano, onde existe uma alta temporada de compras, descontos e benefícios comerciais que potencializam os gastos”, afirma a instituição.
A recomendação final é registrar conquistas ao longo do ano, como dívidas quitadas, valores poupados e crescimento dos investimentos. Para os especialistas, acompanhar esses avanços ajuda a manter a motivação e a construir um 2026 financeiramente mais equilibrado.
Foto: Freepik

















