MIRIAM ABREU

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Nesta última semana, acompanhando o discurso da professora Dr.ª Suany Oliveira de Moraes, paraninfa da “Turma 80 anos da Tomada do Monte Castello”, do ensino médio do Colégio Militar de Campo Grande (CMCG), chamou-me muito a atenção a forma como a professora apresentou o seu discurso que, na verdade, foi uma aula espetacular sobre como se deve elaborar uma redação de excelência.

Doutora em Letras pela UFMS e, atuando como professora de redação do terceiro ano do ensino médio no CMCG, onde já teve um aluno alcançando a nota mil no ENEM e vários outros alcançando a nota 900+, Suany faz um paralelo entre o conhecimento matemático e a elaboração de um texto de qualidade quando se trata de uma redação.

Com sua devida autorização, apresento a seguir parte de seu discurso desejando que todos os estudantes que o lerem, possam assimilar essas dicas essenciais para a produção de suas redações.

Tanto na matemática quanto na redação, o erro mais comum é a pressa, o olhar desatento. Uma vírgula fora do lugar pode alterar o valor de uma expressão; uma palavra mal escolhida muda toda a lógica do texto. O segredo, então, está em revisar, somar ideias, subtrair excessos, multiplicar repertórios e dividir a atenção entre forma e conteúdo. Cada palavra é um número que precisa se encaixar no resultado certo; cada parágrafo, uma operação lógica que conduz à solução final: a produção de sentido. Em um contexto da contemporaneidade, marcado pelo intenso fluxo de informação e tecnologia em que jovens são magnetizados pelas telas, atraídos pelas possibilidades da inteligência artificial e pela praticidade da automatização, o tempo é acelerado e a produtividade é condição cada vez mais exigida. Por consequência, ler e escrever tornaram-se atos corajosos e assertivos […]

Observei outro aspecto valioso em seu discurso: “[…], talvez, não haja metáfora mais pertinente para esta celebração do que as cinco competências da Redação do ENEM, que, assim como as cinco turmas que aqui se formam, representam diferentes pré-requisitos para ser e estar no mundo, produzindo sentidos: leitura, informação, senso crítico, argumentação e resolução de problemas” […].

Lembrando que, no CMCG, o terceiro ano do ensino médio é composto por cinco turmas recebendo a numeração 301 a 305.

À primeira turma (301), dedico a Competência Io domínio da norma padrão. Vocês compreenderam que escrever bem não é decorar regras, mas organizar o pensamento com arranjos sintáticos precisos. Assim como na vida, sendo militar ou civil, obedecer às normas revela o caráter: cada vírgula tem seu posto, cada palavra tem sua missão. Que levem consigo a lição de que a correção não é rigidez — é clareza. Ter disciplina é ter liberdade.

À segunda turma (302), ofereço a Competência IIa capacidade de compreender e aplicar conhecimentos para desenvolver um tema.
Vocês mostraram que pensar é um ato de ousadia e de coragem. Em cada redação, trouxeram repertórios, leituras, experiências e possibilidades de reflexão. Aprenderam que a escrita é saber e poder. Que nunca deixem de aprender, de questionar e de se posicionar com respeito, firmeza e elegância.

À terceira turma (303), destino a Competência IIIa habilidade de selecionar, organizar e relacionar informações para construir argumentos.
Vocês mostraram que argumentar é mais do que vencer debates: é expor ideias com empatia, escutar o outro e respeitar posicionamentos divergentes. Aprenderam que coerência é lealdade entre o que se pensa e o que se faz. Que levem essa virtude como bússola nas próximas jornadas da vida.

À quarta turma (304), entrego a Competência IVo domínio dos mecanismos linguísticos. Vocês transformaram palavras em pontes. Perceberam a harmonia entre as partes do texto, assim como há a necessidade de se prezar pela harmonia na sociedade. Que, no campo da vida, continuem sendo estrategistas não só das palavras, mas também do diálogo e da razão.

E à quinta turma (305), reservo a Competência Va capacidade de elaborar uma proposta de intervenção. Vocês provaram que não basta compreender o mundo; é preciso transformá-lo. Cada redação de vocês propunha soluções, empatia e ação. Que levem consigo essa chama de protagonismo, essa vontade de fazer a diferença, essa certeza de que o conhecimento é serviço, é caminho, é ascensão.

A professora Dr.ª Suany, encerra seu discurso deixando claro que cada aluno “não é apenas o resultado de uma prova” e mais, “a redação da vida ainda está sendo escrita”. Para tanto, devem seguir “com clareza na forma, profundidade nas ideias, coerência nas atitudes, harmonia nas relações e compromisso para com o bem comum. E como último conselho: “Não tenha pressa, mas tenha rumo; demorar é diferente de se perder”.

Os artigos publicados são de responsabilidade dos colunistas e não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Total News

Foto de Miriam Abreu

Miriam Abreu

É doutora e mestre em Educação pela (UFMS). Especialista em Orientação Educacional e Psicopedagogia pela (UFRRJ/CEP-EB). Pedagoga habilitada em Orientação Educacional (FUCMT)  e Supervisão Escolar (Faclepp). Consultora Educacional, palestrante e escritora. | @miriam_abreu65
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