O trabalhador de Campo Grande precisou cumprir uma jornada de 114 horas e 17 minutos em março de 2025 para adquirir os produtos da cesta básica, de acordo com levantamento mensal do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O tempo de trabalho representa um aumento de 2 horas e 7 minutos em relação a fevereiro, quando a média foi de 112h10min, e de 33 minutos em comparação ao mesmo período de 2024.
O custo da cesta básica na capital sul-mato-grossense alcançou R$ 788,58 no mês, o que representa 1,89% de aumento em relação a fevereiro. Com base no salário mínimo líquido – R$ 1.404,15, após o desconto previdenciário de 7,5% sobre o valor bruto de R$ 1.518 –, o gasto com a cesta comprometeu 56,16% da renda mensal do trabalhador, contra 55,12% em fevereiro e 55,89% em março de 2024.
Entre os treze itens que compõem a cesta, o destaque de março foi o tomate, com elevação de 27,80% no preço, marcando o terceiro mês consecutivo de alta. O acumulado em 12 meses é de 8,47%, influenciado pela menor oferta da safra de verão.
O café em pó também teve aumento expressivo, de 6,79% em março, acumulando alta de 89,40% em 12 meses. A combinação de estoques mundiais baixos e demanda interna elevada segue pressionando os preços.
O arroz agulhinha registrou queda de 3,22% no mês, mas ainda acumula alta de 2,21% no ano. Em março, o preço médio do quilo foi de R$ 6,15.
A banana subiu 2,45%, influenciada pelo retorno das aulas e demanda pela variedade nanica, além de preços elevados da banana prata.
Entre os itens que tiveram recuo de preços, destacam-se:
- Batata: -6,77% no mês e -38,91% em 12 meses
- Feijão carioquinha: -1,19% em março; acumula queda de -23,78% em 12 meses (de R$ 8,71 para R$ 6,64 o quilo)
- Manteiga: -0,53% no mês, embora com alta anual de 2,97%
- Farinha de trigo: -0,45%
- Pão francês: -0,41%, com preço médio de R$ 16,91 o quilo
O leite integral manteve estabilidade em março (0,00%), mas acumula alta de 10,86% em 12 meses.
Outros produtos monitorados:
- Carne bovina de primeira: -0,72% em março; alta acumulada de 24,94% em 12 meses
- Açúcar cristal: -2,66% no mês; alta de 4,69% no ano
- Óleo de soja: +1,16% em março; maior alta entre os itens no acumulado de 12 meses: 41,82%
Cesta para uma família
O Dieese calcula que, para uma família de quatro pessoas, o valor da cesta básica em Campo Grande seria de R$ 2.365,74, considerando uma multiplicação padrão dos custos dos alimentos essenciais.
Apesar de estar abaixo das médias registradas em capitais do Sudeste e Sul, como São Paulo (R$ 880,72) e Florianópolis (R$ 831,92), a capital sul-mato-grossense teve uma dos maiores aumentos em 12 meses: 8,02%.
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