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Entidades industriais brasileiras consideram positiva, mas insuficiente, a retirada da tarifa de 10% aplicada pelos Estados Unidos a 238 produtos. Para a maior parte dos setores, o principal entrave permanece: a sobretaxa adicional de 40% imposta no fim de julho pelo governo Donald Trump e ainda vigente para a maioria dos itens exportados pelo Brasil.

O corte beneficia diretamente 80 produtos vendidos ao mercado norte-americano, mas a sobretaxa continua a atingir cafés não torrados, cortes de carne bovina, frutas e hortaliças. Apenas quatro itens passam a ter isenção completa: três tipos de suco de laranja e a castanha-do-pará. No entendimento das entidades, o Brasil precisará ampliar o diálogo diplomático para tentar eliminar as tarifas extras e recuperar competitividade.

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), os 80 itens afetados pela redução representaram US$ 4,6 bilhões em exportações em 2024, cerca de 11% do total embarcado aos Estados Unidos. A entidade afirma que a manutenção da sobretaxa de 40% mantém os produtos brasileiros em desvantagem frente a concorrentes que não enfrentam barreiras semelhantes e reforça a urgência nas negociações. “É muito importante negociar o quanto antes um acordo para que o produto brasileiro volte a competir em condições melhores”, declarou o presidente da CNI, Ricardo Alban.

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) avalia que houve avanço, mas ainda distante do necessário. “É um passo importante, mas ainda insuficiente”, afirmou o presidente Flávio Roscoe, ao destacar que itens relevantes da pauta mineira, como carnes e café, continuam afetados pela sobretaxa.

No setor de carnes, a reação foi mais favorável. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) destacou o retorno de previsibilidade ao comércio bilateral e a condução técnica das tratativas. Em nota, a entidade afirmou que a iniciativa “reforça a confiança no diálogo técnico entre os dois países e reconhece a importância da carne do Brasil, marcada pela qualidade, pela regularidade e pela contribuição para a segurança alimentar mundial”. A associação acrescenta que “a redução tarifária devolve previsibilidade ao setor e cria condições mais adequadas para o bom funcionamento do comércio”.

Segundo a Abiec, a tarifação sobre carne bovina brasileira caiu de 76,4% para 66,4% com a retirada da tarifa global de 10%. Antes da gestão Trump, o produto era taxado em 26,4%.

O setor cafeeiro adota postura cautelosa e aguarda esclarecimentos sobre o alcance da medida. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) avalia ser necessária uma análise técnica adicional. O Brasil, que responde por metade da produção mundial de café arábica e fornece cerca de um terço do volume importado pelos Estados Unidos, segue pressionado pela concorrência de outros exportadores. No caso brasileiro, a tarifa caiu de 50% para 40%, enquanto a taxa foi zerada para o café colombiano e praticamente zerada para o vietnamita.

“O café também reduziu 10% [pontos percentuais], mas tem concorrente que reduziu 20% [pontos percentuais]. Então esse é o empenho que tem que ser feito agora para melhorar a competitividade”, afirmou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

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