O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, registrou deflação de 0,14% em agosto, informou nesta terça-feira (26) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado interrompeu a sequência de altas iniciada em abril e representa a menor taxa desde setembro de 2022 (-0,37%) e a primeira variação negativa desde julho de 2023 (-0,07%).
No acumulado de 2025, o IPCA-15 subiu 3,26%. Em 12 meses, a taxa é de 4,95%, abaixo dos 5,30% registrados no período imediatamente anterior e inferior aos 0,19% verificados em agosto do ano passado.
A deflação em agosto foi influenciada principalmente pelas quedas nos grupos Habitação (-1,13%) e Alimentação e bebidas (-0,53%), que juntos responderam por quase metade do recuo do índice. Transportes (-0,47%) também ajudaram a puxar os preços para baixo.
Energia elétrica tem maior impacto negativo
O grupo Habitação, que havia subido 0,98% em julho, recuou 1,13% em agosto. A principal contribuição veio da energia elétrica residencial, que caiu 4,93% e exerceu o maior impacto individual negativo no índice (-0,20 ponto percentual).
Segundo o IBGE, a retração decorreu da incorporação do chamado Bônus de Itaipu, que reduziu a tarifa em diversas regiões, mesmo com a vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adiciona R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.
As maiores quedas foram registradas em Porto Alegre (-8,38%), Belém (-6,47%), Rio de Janeiro (-6,49%) e Curitiba (-6,19%), reflexo de reajustes tarifários recentes e de reduções em concessionárias locais.
Alimentos no domicílio recuam pelo terceiro mês seguido
A alimentação no domicílio caiu 1,02% em agosto, com destaque para recuos expressivos em itens básicos: manga (-20,99%), batata-inglesa (-18,77%), cebola (-13,83%), tomate (-7,71%), arroz (-3,12%) e carnes (-0,94%).
Por outro lado, a alimentação fora do lar subiu 0,71%, puxada pelo aumento em lanches (1,44%) e refeições (0,40%). O lanche foi o segundo maior impacto positivo individual no índice (0,03 p.p.).
Transportes e combustíveis em queda
O grupo Transportes, que havia subido 0,67% em julho, caiu 0,47% em agosto. O resultado foi influenciado pela queda nas passagens aéreas (-2,59%), nos automóveis novos (-1,32%) e na gasolina (-1,14%). Etanol (-1,98%), diesel (-0,20%) e gás veicular (-0,25%) também registraram recuos.
Além disso, medidas locais de gratuidade e redução de tarifas no transporte público impactaram o índice. Em Brasília e Belém, houve gratuidade no metrô e no ônibus aos domingos e feriados. Em Curitiba, a tarifa foi reduzida nesses dias.
Altas em despesas pessoais e saúde
Entre os grupos com variação positiva, o destaque foi Despesas pessoais, que acelerou de 0,25% em julho para 1,09% em agosto. O principal responsável foi o reajuste nos jogos de azar (11,45%), maior impacto positivo do mês (0,05 p.p.).
Saúde e cuidados pessoais também subiu (0,64%), impulsionado por produtos de higiene (1,07%) e planos de saúde (0,51%), que incorporaram reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Variação regional
Das 11 áreas pesquisadas, apenas São Paulo apresentou alta (0,13%), influenciada por aumentos em cursos regulares (1,14%) e higiene pessoal (1,33%). Belém registrou a maior deflação (-0,61%), puxada por quedas na energia elétrica (-6,47%) e na gasolina (-2,75%).
Metodologia e próximos resultados
O IPCA-15 usa a mesma metodologia do IPCA, mas com coleta de preços entre 16 de julho e 14 de agosto e abrangência das principais regiões metropolitanas, além de Brasília e Goiânia. O índice considera famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos.
O próximo resultado do IPCA-15, referente a setembro, será divulgado em 25 de setembro, junto com o IPCA-E, que mede a inflação do trimestre.
Com informações e imagem do Governo Federal