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A educação de jovens e adultos (EJA) tem impacto positivo sobre a renda, a ocupação e a formalização no mercado de trabalho. É o que mostra um estudo inédito que será lançado nesta quarta-feira (10), durante o Seminário Nacional de Educação de Jovens e Adultos: 1º Ano do Pacto pela Superação do Analfabetismo e Qualificação na Educação de Jovens e Adultos (Pacto EJA).

A pesquisa, encomendada pelo Ministério da Educação em parceria com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), buscou “preencher uma lacuna importante na pesquisa sobre o tema” e oferecer subsídios para ampliar o acesso da população à modalidade.

A EJA integra a educação básica e atende jovens e adultos que não concluíram a escola na idade esperada. As turmas permitem obter o diploma de ensino fundamental ou médio em período menor que o das classes regulares. Para cursar o fundamental é preciso ter ao menos 15 anos; no médio, 18 anos; já para a alfabetização (AJA), a idade mínima é de 15 anos.

Segundo o estudo, parte das gerações que estavam na escola há duas décadas ou mais “vivenciaram um período de grande exclusão educacional e, por isso, grande parte não concluiu a educação básica”. Apesar do avanço do acesso —a taxa de atendimento de crianças de 6 a 14 anos passou de 75,5% em 1991 para 96,7% em 2010—, persistiram altas taxas de evasão e reprovação. Em 2023, 35 em cada 100 jovens não haviam concluído o ensino médio até os 20 anos.

Impactos econômicos

Os resultados apontam aumento de renda e melhores condições de trabalho para estudantes que concluíram a EJA, com variações por faixa etária.

Na alfabetização, a renda média cresceu 16,3% entre os 18 e 60 anos, chegando a mais de 23% entre 46 e 60 anos. A conclusão dessa etapa também aumenta em 7,7 pontos percentuais a chance de conseguir emprego formal e em 2,3 pontos a probabilidade de ter uma ocupação de qualidade, definida como aquela com pagamento de pelo menos um salário mínimo e jornada de até 44 horas semanais.

No ensino fundamental, a renda média teve crescimento de 4,6%. “Esse impacto é particularmente notável para o grupo de 26 a 35 anos, com um aumento de 14,9% na renda”, afirma o levantamento. Nesse caso, as chances de conseguir trabalho formal aumentam em 6,6 pontos percentuais, e as de obter uma ocupação de qualidade, em 3,2 pontos.

Já entre os que concluíram o ensino médio, a renda mensal foi 6% maior, em média, na comparação com quem parou no fundamental. O maior impacto foi verificado entre 26 e 35 anos, com aumento de 10% na renda média. As chances de emprego formal sobem 9,4 pontos percentuais e as de conseguir trabalho de qualidade, 3,3 pontos.

Para Fabiana de Felicio, autora do estudo, os resultados mostram a importância estratégica da modalidade. “Os expressivos contingentes de pessoas aptas a cursar a alfabetização e as etapas da EJA, somados aos retornos econômicos positivos identificados, indicam um vasto potencial para a expansão dessas modalidades de ensino. Os ganhos ao longo da vida parecem ser suficientes para justificar os custos de curto prazo do retorno aos estudos, especialmente para os grupos de idade mais jovens”, afirma.

Ela acrescenta que o investimento traz benefícios individuais e coletivos. “O aumento da renda, da formalidade e da qualidade das ocupações não só melhora a qualidade de vida das pessoas, como também contribui para a produtividade e a redução da pobreza e desigualdade”, diz o estudo.

Pacto EJA

O Pacto Nacional de Superação do Analfabetismo e Qualificação de Jovens e Adultos foi lançado em 2023 pelo MEC. O programa prevê a criação de 3,3 milhões de vagas e oferta integrada à educação profissional, com investimento de R$ 4 bilhões em quatro anos.

Dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE, mostram que o Brasil tinha em 2023 cerca de 9,1 milhões de pessoas com 15 anos ou mais não alfabetizadas, o equivalente a 5,3% dessa população.

Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília

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