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Quais assuntos de geografia o candidato não pode deixar de estudar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)? Para ajudar os estudantes, educadores apontam os temas que mais costumam cair na prova, explicam como a disciplina é estruturada no exame, indicam possíveis assuntos que podem ser tema em 2025 e sugerem estratégias de estudo.
 

Reprodução: Enem 2022

A geografia é a ciência que estuda a organização do espaço natural e humano, integrando aspectos físicos (clima, relevo, hidrografia) e humanos (população, economia, cultura). Na contemporaneidade, a disciplina valoriza a abordagem interdisciplinar, relacionando-se estreitamente com a sustentabilidade, urbanização e globalização. Segundo Nora Sampaio, docente da Escola Bilíngue Aubrick, de São Paulo/SP, entender esses temas é essencial para direcionar o cronograma de estudos.
 
“A geografia, hoje, é muito mais do que a descrição de formações físicas ou mapas temáticos. Na sala de aula, trabalhamos a disciplina como uma lente que conecta os fenômenos naturais, como relevo, clima, hidrografia, às dinâmicas humanas de migrações, urbanização, economias globais. Por exemplo, ao estudar enchentes, discutimos não só as causas meteorológicas, mas também as falhas em planejamento urbano e políticas de uso do solo. Essa abordagem integrada faz com que o aluno não decore meros dados, mas entenda os processos e suas inter-relações, exatamente o que o Enem exige”, explica a docente da Aubrick.

Como a disciplina cai na prova e quais assuntos aparecem mais?

No Enem, o componente curricular de Geografia integra a área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, respondendo por aproximadamente 14 a 16 questões da prova. As perguntas são de múltipla escolha e geralmente aparecem em situações-problema contextualizadas, exigindo do estudante a interpretação de mapas e gráficos, a leitura crítica de textos e imagens socioambientais e a análise de políticas públicas relacionadas à sustentabilidade.

Reprodução: Enem 2023

Segundo Bruno Delvequio, docente da Escola Internacional de Alphaville (Barueri/SP), “o Enem sempre destaca grandes questões ambientais que afetam o Brasil e o mundo, além de temas essenciais para compreender a dinâmica socioambiental contemporânea, como crises hídricas, o avanço do desmatamento na Amazônia e as mudanças nos padrões de uso do solo. Por isso, recomenda-se que o estudante vá além da memorização de conceitos e busque contato com relatórios técnicos de órgãos como o INPE, estudos de caso recentes e artigos de divulgação científica”.
 
Delvequio aponta 10 temas de Geografia frequentemente cobrados no Enem:
 
Questões ambientais e sustentabilidade: causas, consequências e possíveis soluções para problemas ambientais;
 
Impactos da ação humana no meio ambiente: pressão das atividades produtivas sobre ecossistemas locais e globais;
 
População e demografia: dinâmicas populacionais, distribuição da população, transição demográfica e fluxos migratórios internos;
 
Urbanização e espaço urbano: crescimento das cidades, segregação socioespacial, mobilidade e infraestrutura urbana;
 
Geopolítica e relações internacionais: conflitos, blocos econômicos, disputas territoriais e recursos estratégicos;
 
Espaço agrário e agricultura brasileira: uso da terra, modernização agrícola, revolução verde e conflitos fundiários;
 
Biomas e vegetação do Brasil: características, localização e desafios de conservação dos principais biomas;
 
Climas e domínios morfoclimáticos: tipos de clima, fatores climáticos e suas relações com relevo, vegetação e ocupação humana;

Geologia e estrutura geológica do Brasil: formação do relevo, placas tectônicas e atuação de agentes internos e externos;
 
Cartografia e análise de representações gráficas: leitura e interpretação de mapas, escalas, projeções cartográficas e gráficos.

Quais assuntos atuais podem cair na prova de 2025?
 

Reprodução: Enem 2024

Manter-se atualizado com o noticiário é fundamental para obter um bom desempenho em geografia no Enem, pois muitas questões partem de acontecimentos reais e recentes, com o objetivo de avaliar a capacidade do candidato de interpretar mapas, gráficos e textos à luz de situações concretas.
 
“Ao acompanhar o que os veículos de comunicação publicam, o estudante enriquece seu repertório com dados atuais, desenvolve senso crítico sobre causas e consequências de fenômenos socioambientais e treina a conexão entre teoria e prática, condição essencial para responder às perguntas contextualizadas e complexas que caracterizam o exame”, recomenda Elizabete Carvalho, docente do colégio Progresso Bilíngue, de Campinas/SP.
 
Elizabete recomenda atenção a eventos recentes que podem aparecer como contexto de questões:
 
Avanço do nível do mar nas praias do Brasil: a famosa praia de Copacabana, no Rio de Janeiro/RJ, perdeu 10% de sua faixa de areia nos últimos 10 anos, segundo estudo da UFRJ divulgado em julho de 2025. Outras cidades localizadas na costa brasileira enfrentam o mesmo problema;
 
Diminuição do número de migrantes em SP: pela primeira vez, São Paulo tem mais pessoas se dirigindo para outros estados do que migrantes internos chegando para morar no estado – segundo dados do Censo 2022 do IBGE divulgados em junho. Historicamente SP possuía esse posto, mas foi ultrapassado por Santa Catarina, estado que agora é destaque em ganho de população por migração;
 
Migrações por mudanças climáticas: 220 milhões de pessoas deixaram suas casas nos últimos 10 anos, fugindo de problemas causados pelas mudanças climáticas. Os dados da Agência das Nações Unidas para Refugiados foram divulgados em novembro do ano passado durante a COP29, realizada em Baku, Azerbaijão, em novembro de 2024;
 
Incêndios florestais em Los Angeles: a cidade americana, conhecida por ser o berço da indústria do cinema, sofreu incêndios intensos em janeiro de 2025, chamando atenção da imprensa internacional sobretudo por conta das imagens de mansões de celebridades e atores de Hollywood destruídas pelo fogo;
 
Recorde de produção de arroz pelo MST: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é há mais de 10 anos o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, em terras livres de agrotóxicos. Em 2025, anunciou a colheita da maior safra de arroz agroecológico da sua história: 14 mil toneladas do alimento. 

Dicas de estudos
 
“A prova premia quem consegue conectar teoria e prática, e a Geografia vai além de decorar conceitos. É preciso analisar como fenômenos atuais, como mudanças climáticas e fluxos migratórios, se interrelacionam”, observa Wagner Morais, docente do Brazilian International School – BIS, de São Paulo/SP. “Na prova do Enem, o estudante encontra situações-problema que misturam mapas, gráficos, textos jornalísticos e até charges. Por isso, quem treina analisando conjuntos de informações e construindo argumentos, ganha confiança para enfrentar qualquer contexto apresentado.”

Reprodução: Enem 2023

O professor do BIS elenca, a seguir, estratégias que ajudam na preparação:
 
Resolva provas anteriores: é uma forma de familiarizar-se com estilo e linguagens enunciativas;
 
Crie mapas mentais: conecte eventos recentes (desmatamento, inundações) aos conceitos teóricos;
 
Pratique interpretação de mapas: use atlas e plataformas online;
 
Livros: leituras de algumas obras de referência também são uma opção de estudo, como são “Geografia Geral e do Brasil”.
 

O Enem
 
A prova foi criada pelo Ministério da Educação em 1998, para avaliar o desempenho dos estudantes brasileiros ao final da educação básica. Com o passar dos anos, o Enem teve sua metodologia aperfeiçoada e atualmente é requisito obrigatório para acesso a programas educacionais como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Programa Universidade para Todos (ProUni) e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
 
Este ano, as provas serão aplicadas nos dias 09 e 16 de novembro, dois domingos seguidos. No primeiro dia de prova, os alunos realizarão as questões das áreas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (compreende Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira/Inglês ou Espanhol, Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação e Comunicação) e Redação; e Ciências Humanas e suas Tecnologias (compreende História, Geografia, Filosofia e Sociologia).
 
No segundo dia, as provas serão de Ciências da Natureza e suas Tecnologias (compreende Química, Física e Biologia) e Matemática e suas Tecnologias. O certame registrou mais de 5,5 milhões de inscrições, de acordo com o Ministério da Educação – número que supera a edição anterior de 2024, com aumento de 8% no número de inscritos.

Foto: Freepik

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