Era para ser só mais uma participação brasileira no Mundial de Clubes. Para muitos, o Fluminense estaria apenas cumprindo tabela, talvez escapando de um vexame, quem sabe avançando com um pouco de sorte. Mas o que ninguém contava (ou talvez poucos ousaram imaginar) é que o Tricolor das Laranjeiras escreveria, capítulo por capítulo, uma das trajetórias mais improváveis e emocionantes de sua história centenária. E no centro desse roteiro épico, um personagem já conhecido por sua irreverência e coragem: Renato Gaúcho.
Desde o apito inicial contra o Borussia Dortmund, ficou claro que o técnico carioca não estava ali para brincar. Seu 4-3-3 na estreia não foi apenas uma escolha tática, mas uma declaração de intenções: o Fluminense jogaria como grande. Encararia de peito aberto, sem se esconder atrás do peso dos adversários europeus.
Mas Renato é um camaleão. Contra o Al Hilal, que havia eliminado ninguém menos que o Manchester City, o treinador mudou tudo. Apostou num 3-5-2 corajoso e letal, e colheu os frutos: vitória por 2 a 1, garantindo ao Flu a vaga entre os quatro melhores times do mundo.
Alguns torcedores ainda insistem no discurso do “só pegou time fraco”. Mas, no futebol, não há vitória pequena em um Mundial. Esse tipo de comentário é parte do folclore, do clubismo que alimenta a alma da arquibancada. Só que quem assiste de coração aberto reconhece o que Renato e seu time estão fazendo é fora da curva.
E há algo de místico em torneios como esse.
Lembre-se: em 2018, a Croácia chegou à final da Copa do Mundo. Em 2022, foi a vez de Marrocos surpreender e chegar às semifinais. O futebol adora desafiar a lógica e o Fluminense, neste Mundial, virou a mais nova prova disso.
Não se trata apenas de tática ou preparação. Há uma aura, um espírito, algo que se sente mais do que se explica. É ver a camisa tricolor carregada de história, suando orgulho em cada dividida. É ver o futebol brasileiro, tantas vezes desacreditado, mostrar que ainda pulsa forte.
O feito do Fluminense, mesmo que não termine com taça, já é eterno. Porque histórias como essa são o que tornam o futebol o maior espetáculo da Terra.
E Renato Gaúcho?
Bem, ele segue sendo o protagonista ousado, corajoso e imprevisível que o futebol brasileiro não sabia que precisava, até agora.
Foto de capa: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC