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Quando Marcelo Berloffa atravessou os portões da usina Eldorado, em Rio Brilhante, pela primeira vez como funcionário da Atvos, carregava mais do que um crachá novo. Para ele, auxiliar de defensivos agrícolas e deficiente auditivo, aquele momento representava uma vitória conquistada “em todas as questões”, como ele mesmo define. Uma conquista para si e para a família, e também um símbolo de transformação social que começa dentro de uma indústria e se espalha por toda uma comunidade.

Marcelo está contratado há seis meses por meio da parceria entre a Atvos, uma das maiores produtoras de biocombustíveis do Brasil, e a Rede Apae Brasil, que atua em todo o país com foco na inclusão produtiva de pessoas com deficiência. O projeto, iniciado em Mato Grosso do Sul em abril deste ano, tem como meta ampliar as oportunidades de emprego para esse público nas regiões onde a empresa está presente.

“Gostei muito da empresa e de ter conseguido essa oportunidade. O ambiente é acolhedor, um ajuda o outro, e isso facilita o trabalho”, conta Marcelo, que hoje se adapta à nova rotina com entusiasmo e um senso renovado de propósito.

A iniciativa une a força da indústria à metodologia socialmente reconhecida da Rede Apae Brasil, chamada Emprego Apoiado. A proposta vai além da contratação: envolve uma equipe multidisciplinar, formada por profissionais de psicologia, pedagogia e assistência social, que identifica os perfis e as habilidades de cada candidato, além de acompanhar suas famílias durante o processo.

Segundo Nilse Passarini, coordenadora do programa Emprego Apoiado da Apae de Ivinhema, a parceria amplia horizontes. “A Atvos não apenas abre vagas, mas garante que o ambiente de trabalho seja acessível e acolhedor. Isso muda a forma como a sociedade enxerga a deficiência e desconstrói mitos antigos. O trabalho tem um poder transformador. Ele fortalece a autoestima e devolve o sentimento de pertencimento às pessoas e suas famílias”.

A metodologia também contribui para um processo seletivo mais humano e eficiente. “Cada profissional é avaliado individualmente, de modo que possa ser direcionado a uma vaga que realmente faça sentido para suas capacidades e interesses”, explica Rosane Castro, analista de Gente e Gestão da Atvos. “Com o apoio técnico da Rede Apae, conseguimos adaptar funções e ambientes, garantindo inclusão de verdade, não apenas no papel”.

A força da bioenergia em Mato Grosso do Sul

O setor de bioenergia é hoje um dos grandes motores da economia sul-mato-grossense. Com 22 usinas dedicadas à produção de açúcar, etanol e bioeletricidade a partir da cana-de-açúcar e do milho, a indústria está presente em mais de 40 municípios e gera cerca de 30 mil empregos diretos, respondendo por 16,5% do PIB industrial do Estado.

Fundamental para a matriz energética brasileira, uma das mais limpas do mundo, a bioenergia contribui diretamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa, substitui combustíveis fósseis e reforça o papel do Mato Grosso do Sul como referência em energia renovável e práticas sustentáveis.

Mato Grosso do Sul como ponto de partida

O projeto começou justamente em Mato Grosso do Sul, estado que concentra importantes unidades da Atvos e já demonstra maturidade em ações voltadas à inclusão produtiva. As Apaes de Ivinhema e Nova Alvorada do Sul foram as primeiras a assinar o termo de cooperação, possibilitando a implementação do programa nas unidades Santa Luzia, em Nova Alvorada do Sul, e Eldorado, em Rio Brilhante.

Essa escolha reflete também o papel estratégico do estado no avanço de práticas sustentáveis e sociais no setor sucroenergético. A indústria da bioenergia, essencial para a economia sul-mato-grossense, ganha uma nova dimensão ao se tornar vetor de cidadania e equidade.

“Acreditamos que a diversidade e a inclusão são valores fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária”, afirma Cristiana Gomes, vice-presidente de Gente, Gestão e Sustentabilidade da Atvos. “Com essa parceria, queremos abrir portas para que mais pessoas com deficiência, especialmente das comunidades próximas às nossas operações, possam mostrar seu potencial e crescer junto com a empresa”.

A indústria como agente de transformação social

Mais do que cumprir cotas legais, a Atvos demonstra que a inclusão é uma via de desenvolvimento mútuo, capaz de fortalecer a cultura organizacional, aprimorar a convivência nas equipes e impactar diretamente o entorno das unidades industriais.

Hoje, os resultados começam a aparecer no cotidiano: maior engajamento interno, ambientes de trabalho mais empáticos e uma rede de apoio sólida entre empresa, instituição e famílias. “Essas experiências reforçam a importância de enxergar o colaborador com deficiência como alguém que tem competências a oferecer e sonhos a realizar”, avalia Nilse Passarini.

A parceria com a Rede Apae Brasil também inspira outras iniciativas dentro da companhia, como programas de jovens aprendizes formados exclusivamente por pessoas com deficiência em municípios de Mato Grosso do Sul e São Paulo. É um ciclo virtuoso em que a formação, a empregabilidade e a dignidade se conectam.

Para Marcelo, a transformação é visível. “Essa oportunidade mudou minha rotina e me fez acreditar mais em mim mesmo”, diz. Sua trajetória representa o que a indústria pode fazer quando assume o papel de agente de mudança social, não apenas para gerar energia limpa, mas iluminar caminhos para o futuro. 

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