O cozimento da celulose é uma etapa fundamental do processo de produção do papel, responsável pela transformação da madeira em um polímero vegetal. O material é cozido em uma espécie de panela de pressão, onde são adicionados agentes químicos para separação das fibras e branqueamento da celulose.
De acordo com a Suzano, uma das maiores empresas de celulose do mundo, de 60% a 70% do custo de fabricação do papel está concentrado no cozimento e branqueamento do material. Por este motivo, monitorar o processo produtivo é crucial para manter a eficiência operacional da empresa.
Em 2024, a unidade da Suzano de Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul, “contratou” uma assistente para atuar como copiloto na linha de cozimento da celulose, fornecendo parâmetros, diagnósticos e recomendações instantâneas aos operadores: a Ana MarIA, uma inteligência artificial generativa baseada no Microsoft Teams, cujo nome foi inspirado na apresentadora Ana Maria Braga.
A tecnologia, lançada em parceria com o Microsoft Azure, lê os dados das máquinas em tempo real, assim como as informações técnicas dos equipamentos. A partir disso, antecipa possíveis falhas e oferece um panorama completo da linha de produção aos profissionais da Suzano.
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“Quando Ana MarIA vê um desvio nos dados esperados, ela chama a atenção do operador. O que antes exigia o trabalho de uma grande equipe de engenheiros de processo, agora a gente consegue gerar na hora com a inteligência artificial”, afirma Josilda Saad, diretora de tecnologia da informação da Suzano.
De acordo com a multinacional, em 2024, a IA generativa reduziu o tempo de resolução de problemas na etapa de cozimento da celulose em até 30%. A assertividade do modelo probabilístico é de aproximadamente 90%.
Com o resultado positivo, a Suzano planeja no futuro adotar a ferramenta em todas as unidades no país. “A gente quer garantir que a IA esteja bem treinada para evoluir para uma planta autônoma”, diz a diretora.
Mas há desafios que precedem a expansão: o principal deles é de confiança. A multinacional precisa fazer com que a própria equipe acredite nas informações geradas pela Ana MarIA e entenda que a tecnologia vai além de um chatbot para resumo de textos.
É aí que a própria ferramenta joga a seu favor: para que os profissionais acreditem no que diz, a Ana MarIA indica a origem dos dados e das informações técnicas das máquinas, geralmente coletadas nos manuais. A ideia é que ela funcione como uma “parceira” dos funcionários, agilizando e aprimorando o trabalho de análise dos dados.
“No início, 20% dos funcionários são céticos porque acreditam que a IA generativa é uma ferramenta para resumo e tradução de texto, mas quando eles começam a ver o resultado é uma euforia”, afirma a diretora da Suzano.
Fonte: Época Negócios
Foto: Reprodução/Suzano