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O sistema previdenciário brasileiro enfrenta um cenário preocupante. Projeções do próprio governo federal indicam que o déficit do INSS deve aumentar significativamente nas próximas décadas, levantando dúvidas sobre a sustentabilidade do modelo atual.

De acordo com estimativas oficiais, o rombo nas contas da Previdência deve saltar de 2,58% para 11,59% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2100, mesmo após a reforma implementada em 2019. O envelhecimento da população brasileira é apontado como um dos principais fatores desse desequilíbrio.

Os dados estão no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, enviado ao Congresso em abril.

  • Para 2025, a previsão é de que o déficit do INSS atingirá 2,58% do PIB, ou R$ 328 bilhões;
  • Para 2100, a expectativa é de que o rombo totalizará 11,59% do PIB, ou R$ 30,88 trilhões.
  • A comparação na proporção com o PIB é considerada mais apropriada por especialistas.

A pirâmide etária do país vem se invertendo rapidamente. Atualmente, há mais brasileiros com 40 anos ou mais do que crianças de até quatro anos: são 12,7 milhões de crianças, contra 36,2% da população na faixa dos 40+. Além disso, a população em idade ativa (entre 16 e 59 anos) encolheu quase 20% desde 2010.

Esse envelhecimento afeta diretamente o modelo de financiamento da Previdência. O INSS funciona no regime de repartição simples, em que os trabalhadores da ativa financiam os benefícios pagos aos aposentados. Ou seja, quanto menor o número de contribuintes e maior o número de beneficiários, maior o desequilíbrio das contas.

“Embora o Brasil ainda tenha uma estrutura etária relativamente jovem, a forte queda nas taxas de fecundidade, associada à redução da mortalidade, levará a um rápido processo de envelhecimento da população e a uma redução acentuada da participação dos jovens no total da população, gerando grandes pressões por mudanças nas políticas públicas de forma geral e especificamente na previdenciária”, diz o governo, no projeto da LDO de 2026.

Segundo as estimativas do governo:

  • O percentual da população idosa, com idade igual ou superior a 60 anos, deverá aumentar de 13,8% no ano de 2019 para 32,2% em 2060;
  • A evolução da parcela da população com idade entre 16 e 59 anos, deverá cair de 62,8% em 2010 para 52,1% da população total em 2060.

Embora a reforma da Previdência de 2019 tenha instituído regras como a fixação da idade mínima para aposentadoria e tempo mínimo de contribuição, as mudanças não foram suficientes para reverter a trajetória de crescimento do déficit.

Analistas já tinham avaliado, no ano passado, que a queda dos nascimentos no país, somada à política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de conceder reajustes acima da inflação ao salário mínimo, pressionará ainda mais o déficit previdenciário no país nos próximos anos.

Em entrevista ao g1 e à TV Globo, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Vital do Rêgo, afirmou que Previdência Social é uma “bomba que não vai parar de explodir”.

“Nós estamos com um paciente que está absolutamente debilitado e, até agora, eu não vejo remédio para tirar desse quadro. As notícias que têm são muito desanimadoras”, afirmou o ministro Vital do Rêgo, do TCU, em fevereiro.

O cenário projeta dificuldades não apenas para quem já está aposentado, mas também para quem pretende se aposentar nas próximas décadas. A preocupação, antes restrita ao presente, passa a afetar também o futuro de milhões de trabalhadores brasileiros.

Informações do G1
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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