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Campo Grande, considerada a capital mais arborizada do país segundo o IBGE (2022), ganhou novas ferramentas para orientar o plantio adequado de árvores em áreas urbanas. O Guia de Identificação de Árvores e o Manual de Arborização Urbana, elaborado em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), reúnem informações sobre espécies recomendadas, não recomendadas e proibidas, com o objetivo de aprimorar o planejamento paisagístico da cidade e evitar problemas comuns no manejo da vegetação.

Com linguagem acessível e formato ilustrado, os materiais apresentam mais de 50 espécies identificadas em Campo Grande, acompanhadas de fotografias, descrições botânicas e um calendário de floração. As publicações também explicam como escolher o tipo de árvore mais adequado para cada espaço urbano, levando em conta fatores como largura de calçadas, presença de redes elétricas, recuo de construções e tipo de solo.

Planejamento e impacto urbano

Segundo o arquiteto e urbanista Luiz Fernando Martinez, o planejamento é essencial para garantir uma arborização segura e funcional. “Antes de escolher a espécie, é preciso avaliar o espaço disponível e considerar o crescimento da árvore. Questões como fiação elétrica, rede subterrânea e proximidade de construções precisam ser analisadas. As espécies nativas da região são as mais adaptadas e exigem menos manutenção”, afirma.

Campo Grande possui cerca de 175 mil árvores viárias, distribuídas entre mais de 160 espécies diferentes, mais da metade nativas do Brasil e 40% típicas de Mato Grosso do Sul. A capital foi reconhecida pela FAO e pela Fundação Arbor Day como “Cidade Árvore do Mundo” por seis anos consecutivos, título que destaca boas práticas de gestão florestal urbana.

Espécies indicadas para o ambiente urbano

O manual destaca espécies de porte compatível e raízes não agressivas, que oferecem sombra, segurança e equilíbrio térmico. Entre as mais recomendadas estão:

  • Ipê-amarelo (Handroanthus chrysotrichus),
  • Ipê-rosa (Handroanthus heptaphyllus),
  • Ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus),
  • Jacarandá (Jacaranda cuspidifolia),
  • Sibipiruna (Cenostigma pluviosum),
  • Chuva-de-ouro (Cassia fistula) e
  • Quaresmeira (Pleroma granulosum).

Para calçadas, o ideal são árvores de pequeno a médio porte, como pata-de-vaca, ipê-amarelo-cascudo e aroeira. Em praças e parques, onde há mais espaço, o manual recomenda espécies de grande porte, como jatobá-do-cerrado, canafístula e peroba-rosa. Nos canteiros centrais, devem ser priorizadas árvores de formato vertical, como sibipiruna, ipê-branco e jacarandá.

O que evitar

Nem todas as árvores se adaptam ao ambiente urbano. Espécies populares como figueirinha (Ficus benjamina) e mangueira (Mangifera indica) podem causar danos à pavimentação e à rede subterrânea, além de exigirem manejo constante. Outras, como nim (Azadirachta indica) e cinamomo (Melia azedarach), são consideradas invasoras e tóxicas.

A bióloga Silvia Rahe Pereira, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, explica que “não existe árvore errada, e sim espécie inadequada para o espaço disponível”. Segundo ela, o manual classifica cada espécie conforme o contexto urbano, ajudando moradores e técnicos a escolher o porte ideal para cada área.

Espécies proibidas por lei

Duas espécies estão proibidas por lei em Campo Grande:

  • Murta (Murraya paniculata), hospedeira do inseto transmissor do greening dos citros, doença que afeta pomares e causa prejuízos à agricultura. O plantio é vedado pela Lei Estadual nº 6.293/2024 e pela Lei Municipal nº 7.451/2025.
  • Leucena (Leucaena leucocephala), classificada como planta exótica invasora. Seu cultivo e comércio estão proibidos pela Lei Municipal nº 7.418/2025, que prevê um plano de erradicação da espécie no município.

Boas práticas de plantio

O manual também orienta sobre técnicas adequadas de plantio:

  • manter o colo da muda visível, sem excesso de terra;
  • irrigar com cerca de 4 litros de água por dia até o enraizamento;
  • evitar o uso de manilhas ou muretas junto ao tronco;
  • usar tutores firmes sem prender o caule.

Essas medidas reduzem o risco de tombamentos e favorecem o crescimento saudável das árvores.

Educação ambiental e cidadania verde

Mais do que orientar o plantio, o guia e o manual buscam estimular a educação ambiental e o cuidado coletivo com a arborização urbana. Campo Grande se destaca nacionalmente pela cobertura vegetal e pela integração de áreas verdes ao espaço urbano, mas o sucesso do planejamento depende da participação da população, lembram os especialistas.

Os materiais estão disponíveis gratuitamente em formato digital nos canais oficiais da Prefeitura de Campo Grande.

Com informações e imagem da Prefeitura de Campo Grande

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