A onça-pintada que atacou e matou o caseiro Jorge Ávalo, na última segunda-feira (21), em uma fazenda próxima ao pesqueiro Touro Morto, no Pantanal sul-mato-grossense, foi capturada na madrugada desta quinta-feira (24). O felino, de 94 quilos, foi sedado e levado para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Campo Grande, onde passará por exames clínicos e comportamentais.
O ataque, considerado raro por especialistas e autoridades ambientais, mobilizou uma força-tarefa composta por policiais da Polícia Militar Ambiental (PMA), guias locais e um especialista em captura de animais de grande porte. O guia turístico que encontrou o corpo da vítima também foi atacado e sofreu ferimentos no braço. Ele foi socorrido e encaminhado ao hospital no município de Miranda.
Horas antes da captura, o Governo do Estado junto a PMA convocou uma coletiva de imprensa para esclarecer sobre detalhes da busca pelo animal.
“Estamos diante de um caso muito atípico. Esse não é um comportamento habitual da espécie. A captura do animal é essencial para entendermos o que motivou essa atitude e para que possamos estudar seu comportamento com mais precisão”, afirmou o secretário-executivo da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Artur Falcette.
Segundo ele, a onça chegou a retornar à sede da fazenda na noite anterior à captura, o que levou as equipes a reforçarem os esforços nas imediações da residência. Imagens de câmeras de segurança e registros de moradores estão sendo periciados para ajudar a entender os fatores que precederam o ataque.
Para os especialistas, há indícios de que a prática de oferecer alimento com o objetivo de atrair animais silvestres (ceva), possa ter contribuído para o comportamento anormal da onça. Essa prática além de configurar crime ambiental, é apontada como um fator que pode provocar distúrbios no comportamento de animais selvagens.
“Uma das poucas certezas até o momento é que havia ceva no local. Essa prática, além de ilegal, é extremamente perigosa”, disse o coronel José Carlos Rodrigues, comandante da Polícia Militar Ambiental.
A avaliação no CRAS deve ocorrer de forma rápida, segundo a Semadesc, já que os primeiros exames não demandam longos prazos de análise. Após essa etapa, o destino do animal será definido por instituições responsáveis por programas de manejo da fauna, e não mais pelo governo do estado.
“Não temos como precisar se ela poderá retornar à natureza. Isso será decidido por instituições especializadas, com base no laudo veterinário e na análise comportamental do animal”, informou Falcette.
A área onde ocorreu o ataque segue isolada, e as autoridades reforçam que não há risco para a população local. A investigação sobre o caso continua em andamento.
- Colaborou Evelyn Mendonça
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