A Câmara Municipal de Campo Grande realizou nesta quarta-feira (14) a Audiência Pública para discutir a crise na Santa Casa. O debate foi convocado após a suspensão dos atendimentos nos prontos atendimentos adulto e infantil por falta de insumos e superlotação.
A iniciativa partiu da Comissão de Controle da Eficácia Legislativa, presidida pelo vereador André Salineiro (PL). Ele destacou que há um déficit de leitos na capital e que a superlotação ultrapassa questões contratuais. “Há um déficit dentro da Santa Casa e há um déficit no município de Campo Grande de aproximadamente 500 leitos, então de nada adianta aumentar a revisão contratual para ela passar a receber, mas não tem onde colocar as pessoas.”
O vereador afirmou ainda que o hospital enfrenta processos judiciais por não realizar atendimentos. “Vale ressaltar que a Santa Casa não deixa os pacientes dos corredores porque quer, ela é obrigada. Inclusive recebe processos judiciais por não fazer o atendimento, então ela tem que colocar onde dá ali, mas a realidade é que há um déficit de leitos em Campo Grande.”

A presidente da Santa Casa, Alir Terra, disse esperar um consenso entre os poderes públicos para que o contrato com o hospital garanta equilíbrio financeiro. “Nós esperamos que agora, nos próximos dias, junto com o Ministério Público, o Governo do Estado, o Município e a Santa Casa, entremos em um consenso e que esse contrato fique no nível do equilíbrio econômico-financeiro para que o hospital possa continuar fazendo o atendimento que a população necessita.”
Uma das soluções para a superlotação, segundo Alir, seria aumentar a rotatividade dos pacientes. “Se o paciente ficar menos tempo na Santa Casa e ele for para o município de origem, o mesmo com um hospital de baixa complexidade e fazer essa regulação, automaticamente nós aumentaremos os leitos, sem construir nem um tijolo, porque o aumento de leitos ocorre com o aumento de giro de pacientes no hospital.”
O diretor financeiro da Santa Casa, Rinaldo Romano, defendeu um reajuste contratual para conter o déficit da instituição. Ele pleiteia um aumento de R$ 13 milhões. O contrato atual é de R$ 32 milhões.
“Para a gente ter o equilíbrio do contrato financeiro da instituição, são R$ 13 milhões que é o pleiteado pela Santa Casa para poder zerar o déficit. O nosso maior prejuízo é o pronto-socorro, que são R$ 56 milhões por ano, seguido por outras áreas seguidas”, afirmou.
O deputado estadual e ex-secretário de Finanças de Campo Grande, Pedrossian Neto (PSD), disse que a saúde vive um colapso e que é necessário repensar as políticas públicas para o setor. “Entrou em colapso devido à falta de políticas públicas na área da saúde, devido a visões equivocadas da maneira sobre como se relacionar com os hospitais e uma grande incompreensão do papel central que tem a Santa Casa de Campo Grande na estruturação do Sistema Único de Saúde na capital”, afirmou.
A audiência teve a participação de representantes da Santa Casa, da Secretaria Municipal de Saúde, do Governo do Estado, de profissionais da saúde e de órgãos de fiscalização.
- Colaborou: Fernanda Sá – Fotos: Evelyn Mendonça