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A corrida de rua está conquistando cada vez mais adeptos no Brasil. O esporte, que exige apenas um par de tênis e disposição, tem atraído desde quem quer melhorar a saúde até quem busca superar limites e encarar desafios mais longos, como maratonas.

Segundo o Relatório Anual sobre Tendências de Esportes do Strava, divulgado em dezembro de 2024, a corrida foi a modalidade mais praticada no mundo no ano passado. O Brasil aparece como o segundo país com maior número de atletas na plataforma, com mais de 19 milhões de usuários.

Os dados também apontaram um crescimento de 109% no número de clubes de corrida no Brasil, quase o dobro da média global, que foi de 59%. Além disso, houve um aumento de 9% na realização de maratonas, ultramaratonas e percursos de longa distância no país.

A administradora Evelise Abrego, 25 anos, começou a correr em fevereiro de 2024, influenciada por amigos e familiares. No início, intercalava caminhada e corrida. “Corria bem pouquinho. Agora, corro três vezes por semana e virou parte da minha vida”, conta. Para ela, a maior barreira não é física, mas mental. “A corrida é mais sobre superação do que um esporte em si. Sua mente tenta sabotar, mas, quando alguém te incentiva, você percebe que pode ir além.”

Evelise Abrego, 24 anos, na segunda edição da Corrida dos Poderes (Foto: reprodução redes sociais)

O fisioterapeuta Willian Fagundes Cabral, 31 anos, começou de outra forma, foi convidado para participar da Corrida do Pantanal por duas amigas e resolveu se preparar. “No início, o maior desafio era a resistência. O coração parecia que ia sair pela boca”, relembra.

William Fagundes Cabral, 31 anos, praticando o esporte em seu dia a dia (Foto: reprodução redes sociais)

Hoje, ele segue treinando e notou melhoras significativas. “A corrida ajudou muito na minha saúde mental, principalmente na ansiedade. Tenho mais disposição no dia a dia”, diz. Como triatleta, ele equilibra a corrida com treinos de natação e ciclismo, além de manter uma dieta focada na recuperação muscular.

A corrida tem crescido rapidamente no país e está se tornando um grande fenômeno. Segundo Kassilene Cardadeiro, organizadora da Maratona de Campo Grande e da Bonito 21K, o número de corredores aumentou significativamente. “A corrida de rua cresceu cerca de 40% em 2024 no Brasil. Sentimos isso na bilheteria das provas. Temos muita gente iniciando e também corredores que estão amadurecendo e partindo para distâncias maiores, como a maratona e a meia maratona.”

Além disso, Kassilene aponta que as redes sociais têm sido um fator importante nesse crescimento. “Os influenciadores inspiram muito as pessoas ao registrarem seus treinos e produzirem diários da sua evolução na corrida. Dessa forma, eles mostram para pessoas comuns que elas também podem correr, o que tem ajudado muito na popularização da modalidade.”

O perfil dos participantes também têm mudado. Mais idosos, mulheres e crianças estão aderindo ao esporte. “Em 2024, tivemos corredores na distância da maratona na categoria 70 anos+ e feminino de 60 a 69 anos. Isso mostra que a limitação depende mais da condição física do que da idade. Tivemos mulheres em todas as faixas etárias, representando 45% dos inscritos. E as crianças são uma grande aposta. Desde a primeira edição da Maratona de Campo Grande realizamos a prova kids, porque acreditamos que incentivar a prática esportiva desde cedo é essencial”.

O crescimento do esporte também se reflete no aumento no número de participantes das competições. “Praticamente dobramos o número de atletas da primeira para a segunda edição da Maratona de Campo Grande. No terceiro ano, crescemos 52%, e a meta para este ano é chegar a 5.000 corredores”, afirma Kassilene.

Apesar de ser um esporte acessível, a corrida exige planejamento. O treinador de corrida Daniel Novais explica que a progressão gradual é fundamental para evitar lesões. “Quem está começando pode intercalar corrida e caminhada. Aos poucos, o corpo se adapta”.

Ele também alerta para um erro comum de querer correr o máximo possível logo no início. “Muitos acham que precisam dar o melhor em todos os treinos. Isso pode levar a lesões e desmotivação.” Outra preocupação exagerada de quem começa é com a técnica. “Muita gente pensa que precisa ajustar a pisada ou a respiração logo no início, mas o mais importante é criar uma rotina consistente.”

Daniel explica que para quem quer evoluir com segurança, a orientação profissional pode fazer toda a diferença. “Sem acompanhamento, o corredor pode até alcançar seus objetivos, mas de forma mais difícil e com maior risco de lesões. Um bom planejamento de treinos ajuda muito na longevidade na corrida”.

O aumento do número de corredores também tem impactado diretamente a organização destes eventos. “O mercado está crescendo e é bastante orgânico. O maior volume de corredores ainda se concentra na faixa dos 5 km e 10 km, principalmente pelo preparo necessário para distâncias maiores”, explica Kassilene.

Com mais pessoas buscando desafios, os organizadores precisam se adaptar. “Ano passado participei dos 50 anos da Maratona de Berlim, que teve mais de 58.000 inscritos de 161 países. Também corri a Meia Maratona das Cataratas do Iguaçu. Tudo isso para entender o que os grandes eventos estão fazendo e melhorar a experiência dos atletas da Maratona de Campo Grande”, conta.

Para garantir a qualidade do evento, a organização reúne uma equipe experiente. “No dia da prova, contamos com mais de 400 pessoas. Nosso diretor técnico, André Milani, já correu mais de 15 maratonas, e trabalhamos junto com instituições como Agetran, Detran, Polícia Militar, Guarda Municipal e Corpo de Bombeiros para fazer uma grande prova”.

O crescimento das corridas de rua mostra que o esporte veio para ficar. Com cada vez mais participantes, a modalidade se fortalece como um estilo de vida, unindo saúde, bem-estar e superação pessoal.

Foto de capa: Freepik

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