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O Acidente Vascular Cerebral (AVC) continua sendo a principal causa de incapacidade no Brasil e uma das que mais matam no país. Apesar disso, a maioria dos casos pode ser evitada com medidas simples, como controle da pressão arterial e hábitos saudáveis, segundo o neurointervencionista Igor Pagiola, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) e do Hospital Israelita Albert Einstein.

“As medidas mais eficazes são: controle rígido da pressão arterial, que é o principal fator de risco modificável, tratamento do diabetes, controle do colesterol, cessação do tabagismo, atividade física regular e uma dieta equilibrada. Em resumo, a prevenção cardiovascular integrada é a forma mais poderosa de diminuir tanto a incidência quanto a gravidade do AVC”, afirmou o médico.

O alerta ganha força no Dia Mundial do AVC, celebrado nesta quarta-feira (29). Dados da Rede Brasil AVC indicam que cerca de 18% dos casos no país atingem pessoas entre 18 e 45 anos, o que reforça a necessidade de ações de prevenção em todas as idades.

Um estudo recente da revista The Lancet Neurology mostrou que a incidência da doença cresceu 14,8% em pessoas com menos de 70 anos no mundo. No Brasil, a condição matou mais de 85 mil pessoas em 2024, segundo o Portal da Transparência dos Cartórios de Registro Civil. Entre janeiro e abril deste ano, foram 18.724 mortes, o equivalente a uma a cada sete minutos.

Tratamento avançado ainda tem acesso limitado

Nos casos de AVC isquêmico, quando há obstrução de uma artéria cerebral, o tempo de resposta é determinante. A trombectomia mecânica, técnica que remove o coágulo por meio de um cateter, representa um avanço decisivo no tratamento.

“Um cateter é conduzido até o local do êmbolo e o coágulo é retirado mecanicamente, restabelecendo o fluxo sanguíneo. Estudos demonstraram que, em pacientes com oclusões de grandes vasos, a trombectomia reduz a mortalidade e aumenta muito a chance de recuperação funcional”, explicou Pagiola.

O procedimento, já incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS), ampliou a janela de tratamento para até 24 horas em casos selecionados, o que aumenta as chances de recuperação e reduz sequelas graves.

Apesar disso, o acesso ainda é restrito. “Nos últimos anos, houve avanços importantes: melhor comunicação sobre prevenção, ampliação de centros capacitados e a incorporação da trombectomia mecânica na política pública. Mas ainda enfrentamos desigualdades regionais e a necessidade de redes integradas para levar esse tratamento a mais pacientes”, avaliou o especialista.

Gargalos e desigualdade regional

Segundo o médico, as principais barreiras estão na distribuição desigual de centros especializados, falta de equipes disponíveis 24 horas e atrasos nas transferências hospitalares.

“Um grande exemplo é a cidade de São Paulo, a maior da América Latina, que ainda não possui um serviço público que forneça esse atendimento 24 horas, 7 dias por semana. Campanhas de reconhecimento dos sinais, integração entre SAMU e hospitais e a criação de redes de referência são essenciais para que a trombectomia chegue a quem precisa, principalmente para a população que depende do sistema público”, afirmou Pagiola.

Sinais de alerta: regra do SAMU ajuda a salvar vidas

O reconhecimento rápido dos sintomas é decisivo para evitar sequelas. A orientação é usar a regra do SAMU:

  • S (Sorriso): peça para a pessoa sorrir e observe se um lado do rosto fica caído;
  • A (Abraço): peça para levantar os dois braços e veja se um deles cai;
  • M (Mensagem/Música): peça para repetir uma frase simples e note se há dificuldade na fala;
  • U (Urgência): ao notar qualquer sinal, ligue imediatamente para o 192.

“Quanto mais rápido o paciente chegar ao hospital com imagem e equipe adequada, maiores as chances de tratamento eficaz e menos sequelas”, concluiu.

Foto: Freepik

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