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Enfermeiros e funcionários do setor administrativo da Santa Casa de Campo Grande iniciaram uma greve na manhã desta segunda-feira (22) em protesto contra o atraso no pagamento do 13º salário. A paralisação foi aprovada por unanimidade pela categoria e reduziu em cerca de 70% o efetivo em atividade no hospital, mantendo apenas 30% dos profissionais em setores considerados essenciais.

Antes das 6h30, os trabalhadores se concentraram no saguão da instituição e, em seguida, realizaram protesto pelas ruas do Centro da capital. Com a greve, o atendimento aos pacientes passa a funcionar de forma reduzida, o que deve impactar diretamente os serviços prestados a partir desta segunda-feira.

Os funcionários foram informados na última sexta-feira (19) de que não receberiam o benefício neste ano. De acordo com ata de reunião da direção do hospital, a decisão foi motivada pela “situação financeira crítica da instituição”, que enfrenta, segundo o documento, três anos de desequilíbrio econômico-financeiro no contrato com o poder público. A proposta apresentada pela administração prevê o pagamento do 13º salário em três parcelas, nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2026.

Durante coletiva de imprensa realizada nesta manhã, a presidente da Santa Casa de Campo Grande, Alir Terra, reconheceu o colapso financeiro enfrentado pela instituição. Segundo ela, o hospital acumula uma dívida de aproximadamente R$ 100 milhões, com déficit mensal estimado em R$ 12 milhões, cenário que culminou na paralisação dos serviços de enfermagem e de outros setores.

Alir Terra atribuiu a inadimplência à falta de reajuste nos contratos firmados com a Prefeitura de Campo Grande e com o Governo do Estado. De acordo com a presidente, a administração da Santa Casa busca alternativas emergenciais, como a contratação de empréstimos, para conseguir honrar os compromissos financeiros.

“Para ajustar o contrato, falta a Prefeitura e o Governo do Estado olharem para as reivindicações do hospital. Estão se reunindo com a Procuradoria-Geral de Justiça. Não podemos obrigar o poder público a tomar uma decisão, mas recorremos ao Judiciário”, afirmou.

Além da greve dos enfermeiros e funcionários administrativos, os médicos da Santa Casa devem discutir possíveis medidas diante do atraso nos pagamentos em assembleia marcada para esta segunda-feira, na sede do SinMed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul). O presidente da entidade, Marcelo Santana Silveira, informou que o sindicato já ingressou com ação judicial relacionada à falta de pagamento.

A paralisação ocorre em meio a um cenário de superlotação e restrições no atendimento. No início de dezembro, a Santa Casa informou operar no limite da capacidade e declarou estado de contingência, especialmente na área cirúrgica, em razão da paralisação de anestesiologistas. Atualmente, segundo a instituição, estão sendo priorizados apenas atendimentos de urgência e emergência.

Em nota, o hospital voltou a atribuir a crise financeira ao desequilíbrio do contrato de convênio com o município de Campo Grande e alertou que, sem o reequilíbrio financeiro, problemas como atrasos em atendimentos, suspensão de cirurgias, superlotação e desassistência tendem a se repetir.

A Santa Casa também informou que, em anos anteriores, o Governo do Estado realizava o repasse da 13ª parcela da contratualização aos hospitais filantrópicos de Mato Grosso do Sul, o que não ocorreu neste ano.

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