O Ministério da Saúde iniciou, em 22 de outubro de 2025, uma capacitação nacional para a oferta do implante subdérmico contraceptivo Implanon no Sistema Único de Saúde (SUS). Mais de 2 mil profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros e gestores, participam do treinamento, que aborda orientação, inserção e acompanhamento do uso do método, que tem duração de até três anos. As capacitações ocorrem por meio de oficinas presenciais. Até o final de 2025, todas as unidades da federação, inclusive o Distrito Federal, devem receber as formações
Durante as oito horas de curso, os profissionais recebem instruções teóricas e práticas, com uso de simuladores anatômicos que permitem o treinamento das técnicas de inserção e retirada do implante. O objetivo da capacitação é fortalecer a implementação do Implanon em todo o território nacional.
O Ministério da Saúde também enviou kits de simulação, com aplicadores, placebos, braços anatômicos e peles artificiais, além de materiais técnicos padronizados para apoiar o treinamento dos profissionais e orientar gestores sobre o uso do método. A distribuição das primeiras 200 mil unidades do implante começou neste mês, com prioridade para regiões com maiores índices de vulnerabilidade social e gravidez na adolescência. Até 2026, o governo federal prevê entregar 1,8 milhão de dispositivos, sendo 500 mil ainda em 2025.
A incorporação do Implanon ao SUS foi oficializada em julho de 2025, após recomendação favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). O método é indicado para mulheres de 14 a 49 anos e tem duração de até três anos, sendo considerado de alta eficácia para evitar gestações não planejadas. O ministério reforça que, embora o implante represente um avanço importante no planejamento reprodutivo, apenas os preservativos garantem proteção contra infecções sexualmente transmissíveis (IST). A distribuição é gratuita pelo SUS.
Em Mato Grosso do Sul, os indicadores reforçam a necessidade de ampliar o acesso a métodos contraceptivos eficazes. Entre 2020 e 2024, o estado registrou 1.531 casos de gravidez em meninas de até 14 anos, o que representa uma média de cerca de 25 partos por mês nessa faixa etária. Os dados são do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde.
Ainda segundo o Sinasc, aproximadamente uma em cada 106 crianças nascidas vivas no estado nesse período foi filha de uma mãe com até 14 anos. O levantamento mostra que a maior parte dessas meninas se declarou parda ou indígena, e muitas tinham ensino fundamental incompleto.
Em Campo Grande, o Implanon já está sendo ofertado na rede pública de saúde. O método também foi incorporado ao Protocolo Estadual de Saúde Reprodutiva, que reconhece o implante subdérmico como um método contraceptivo reversível de longa duração (LARC). Segundo o documento, a taxa de falha do Implanon é inferior a 1 caso a cada mil mulheres/ano, sendo um dos métodos mais seguros disponíveis atualmente.