A obesidade infantil tem avançado de forma acelerada no Brasil e já preocupa médicos por estar associada a riscos metabólicos, hormonais e cardiovasculares ainda na infância. Especialistas destacam a importância de identificar precocemente sinais de excesso de peso por meio de acompanhamento médico e exames laboratoriais.
Entre os exames recomendados estão o hemograma completo, glicemia de jejum, perfil lipídico, análise de urina (EAS) e dosagens hormonais. Segundo a endocrinologista pediátrica do Sabin Diagnóstico e Saúde, Patrícia Amorim, a avaliação pode ser necessária mesmo em crianças sem sintomas aparentes.
“A solicitação de exames laboratoriais pode ser indicada mesmo em crianças sem sintomas aparentes, caso haja histórico familiar de obesidade ou doenças metabólicas. Eles ajudam a identificar alterações que ainda não se manifestaram clinicamente”, explica Amorim.
A médica alerta que o acúmulo de gordura corporal pode interferir no desenvolvimento hormonal e sexual das crianças. “O excesso de gordura pode antecipar o surgimento de pelos pubianos, brotos mamários ou menstruação precoce. Isso exige investigação hormonal adequada para descartar causas patológicas”, completa.
Além dos riscos futuros, o sobrepeso infantil afeta diretamente o presente. A obesidade pode comprometer o crescimento, a saúde cardiovascular, a função respiratória e a autoestima das crianças. “Quanto mais cedo for identificada e acompanhada, melhores são os resultados do tratamento. E, muitas vezes, a prevenção com mudança de hábitos evita a necessidade de intervenções médicas mais complexas no futuro”, afirma a endocrinologista.
O acompanhamento com pediatra e endocrinologista é indicado nos casos de ganho de peso acelerado, histórico familiar de doenças metabólicas, sinais de puberdade precoce ou dificuldade para perder peso mesmo com mudanças de estilo de vida.
Situação preocupante
De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2024, cerca de 34% das crianças e adolescentes brasileiros entre 5 e 19 anos estão com sobrepeso ou obesidade. A projeção é de que o índice atinja 50% até 2035, caso não haja mudanças nos hábitos alimentares e na rotina de atividades físicas.
As causas, segundo especialistas, são multifatoriais, envolvendo desde alimentação inadequada até o uso excessivo de telas. “Nos últimos anos, especialmente após a pandemia, observamos uma redução drástica nas atividades físicas entre crianças. Isso impactou diretamente no ganho de peso”, observa Amorim.
Prevenção e hábitos saudáveis
Para evitar o sobrepeso, a médica recomenda que as crianças pratiquem atividade física ao menos três vezes por semana, com duração de cerca de uma hora por sessão. A dieta deve priorizar frutas, verduras, legumes e proteínas saudáveis, com redução do consumo de ultraprocessados, bebidas açucaradas e fast food.
“A prevenção é o caminho mais eficaz. Pequenas mudanças na rotina familiar podem ter um impacto enorme na saúde física e emocional das crianças”, conclui a endocrinologista.
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