Boletim Focus aponta crescimento de 2,21% para o PIB; taxa Selic deve fechar o ano em 15%
O mercado financeiro reduziu pela segunda semana consecutiva a estimativa de inflação oficial para 2025. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 5,24% para 5,20%, conforme dados do Boletim Focus, divulgados nesta segunda-feira (30) pelo Banco Central. Apesar do recuo, o índice continua acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual (entre 1,5% e 4,5%).
Para os anos seguintes, as projeções são de inflação em 4,5% (2026), 4% (2027) e 3,83% (2028).
A expectativa de inflação acima do limite superior da meta reforça o cenário de incerteza na política monetária. Em junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa básica de juros, a Selic, de 14,75% para 15% ao ano, contrariando parte do mercado, que esperava manutenção do patamar anterior. Foi o sétimo aumento consecutivo da taxa no atual ciclo de aperto monetário.
Na ata da reunião, o Copom indicou que deverá manter a taxa nos próximos encontros, mas não descartou novos aumentos caso a inflação volte a subir. Para o fim de 2025, o mercado espera que a Selic se mantenha em 15% ao ano. A expectativa é de queda para 12,5% ao ano em 2026, 10,5% em 2027 e 10% em 2028.
Em maio, o IPCA subiu 0,26%, segundo o IBGE, após alta de 0,43% em abril. A inflação acumulada no ano chegou a 2,75% e, em 12 meses, a 5,32%, pressionada principalmente pelo aumento da energia elétrica residencial.
A estimativa do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 permaneceu em 2,21%. Para 2026, a projeção passou de 1,85% para 1,87%. As estimativas para 2027 e 2028 são de crescimento de 2% ao ano.
No primeiro trimestre de 2025, a economia brasileira cresceu 1,4%, impulsionada pelo setor agropecuário, conforme dados do IBGE. Em 2024, o PIB havia avançado 3,4%, a maior expansão desde 2021 (4,8%) e o quarto ano consecutivo de crescimento.
A projeção para a taxa de câmbio ao fim de 2025 foi mantida em R$ 5,70. Para 2026, o dólar é estimado em R$ 5,79, refletindo a expectativa de instabilidade externa e possíveis desdobramentos da política monetária norte-americana e brasileira.