Leandra Costa

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Há uma ideia antiga, quase romântica, de que uma carreira deveria ser construída como uma estrada reta. Começamos em um ponto, seguimos em frente e, décadas depois, chegamos ao destino final. Mas essa lógica não conversa mais com o mundo em que vivemos. E, mais importante, não conversa com a forma como nós, seres humanos, evoluímos.

A verdade é simples e libertadora: ninguém deveria esperar que sua carreira siga até o fim da mesma estrada. Ao longo da vida, é natural e saudável viver várias versões de si mesmo. Muitos pensadores que estudam comportamento e futuro do trabalho já destacaram isso em diversos conteúdos: nossas carreiras são narrativas em constante construção, e não trilhos fixos.

É cada vez mais comum que uma pessoa viva, no mínimo, quatro carreiras ao longo da jornada. Às vezes elas acontecem de modo planejado; outras, surgem em momentos de ruptura, descobertas ou necessidade. Não é sobre “recomeçar do zero”, mas sobre caber no próximo capítulo da sua própria história.

E isso muda tudo.

O movimento de transição ou evolução não é apenas profissional, é identitário. Mudança não é sobre abandonar o que se foi, mas sobre reconhecer quando já não existe mais espaço para crescer onde você está. E, muitas vezes, a sensação de inadequação não é fracasso: é sinal de evolução.

O tema tem sido tratado com frequência em debates sobre carreira, aprendizado contínuo e comportamento, inclusive em materiais recentes de veículos de negócios. Eles reforçam algo que há muito tempo já vem sendo dito em conversas sobre propósito: carreira não é uma linha; é um ciclo de aprendizados.

E se tem um conceito que amarra tudo isso é o lifelong learning, a disposição permanente de aprender, desaprender e reaprender. Não é uma agenda de cursos, certificados ou currículos recheados. É uma postura mental. É estar aberto ao novo mesmo quando o conforto convida a ficar. É perceber que, se o mundo muda, nós mudamos junto.

Para quem está avaliando projetos, repensando caminhos ou cogitando uma transição, algumas reflexões ajudam:

— Você ainda cabe no lugar onde está?
E não falo apenas de espaço físico ou de cargo. Habito, energia, valores, ritmo… tudo isso conta. Às vezes, não é o ambiente que encolheu, foi você que cresceu.

— O que você aprendeu nos últimos meses que não sabia no ano passado?
Se a resposta é “quase nada”, talvez o problema não seja falta de oportunidade, mas falta de movimento.

— Que versão sua está querendo nascer?
Toda mudança começa com um incômodo. E ignorá-lo só prolonga um ciclo que já terminou.

— Que projetos fazem você se sentir vivo?
Propósito não é um grande discurso motivacional; é prestar atenção no que te mobiliza de verdade.

Carreira alguma deveria ser tratada como uma prisão de expectativas antigas. Elas são feitas de capítulos, não de condenações. Cada ciclo profissional é apenas uma etapa, não um destino. E, no mundo atual, a pergunta mais relevante não é “qual carreira você tem?”, mas “em qual direção você quer continuar crescendo?”

A evolução profissional é uma dança entre coragem e curiosidade. Coragem para sair de caminhos que não fazem mais sentido. Curiosidade para descobrir lugares onde você realmente pode florescer.

E, acima de tudo, lembrar que mudança não é sobre perder algo – é sobre finalmente caber onde você merece estar.

Os artigos publicados são de responsabilidade dos colunistas e não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Total News

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Leandra Costa

Gerente Laboratório Aberto de Inovação - Living lab MS (Sebrae/MS). Formada em Administração e Comércio Exterior, com especialização em Gestão Global de Negócios, Politicas públicas para Mulheres, Mestranda em Desenvolvimento Local. Trabalha no Sebrae há mais de 24 anos, com vasta experiência em Atendimento, Mercado, Inovação e Tecnologia. Certificada em Mentoria de Liderança do Futuro e também Certificada em Gestão de Inovação, ambos pela GIMI - Global Innovation Managment Institute de Boston/EUA. | @lecosta_ms
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