Quando a Meta adquire uma empresa como a Manus, especializada em agentes autônomos de inteligência artificial, o movimento vai muito além do setor de tecnologia. Ele aponta para uma mudança estrutural na forma como organizações públicas e instituições se comunicam com a sociedade.
A comunicação pública e institucional passou a operar em um ambiente de pressão contínua, múltiplos canais e baixa tolerância ao erro. Nesse cenário, informar não basta. É preciso acompanhar o ambiente em tempo real, antecipar riscos e agir com coerência. Agentes de IA respondem exatamente a essa necessidade.
Na minha ida a Lisboa, no Web Summit, conversei com líderes da Manus e percebi que os agentes de IA desenvolvidos por eles são muito superiores aos disponíveis hoje no mercado, o que muda o jogo. São agentes capazes de monitoramento contínuo das redes sociais, execução de incontáveis tarefas em paralelo e leitura simultânea de múltiplos contextos informacionais, algo extremamente difícil de replicar com as soluções tradicionais.

Esse tipo de capacidade redefine o papel da comunicação institucional. Os agentes não se limitam a produzir textos ou respostas automáticas. Eles observam, correlacionam sinais, organizam fluxos internos e apoiam decisões estratégicas. A comunicação deixa de ser apenas reativa e passa a funcionar como uma infraestrutura permanente de leitura e ação institucional.
No setor público, o impacto é direto. A relação com o cidadão exige clareza, continuidade e confiança. Agentes de IA permitem transformar canais oficiais em espaços de orientação, acompanhamento e diálogo, reduzindo a distância entre o discurso institucional e a compreensão social.
A compra da Manus pela Meta deixa um alerta claro aos gestores públicos: essa tecnologia será incorporada aos ambientes onde a opinião pública se forma. Ignorá-la não preserva modelos tradicionais, apenas amplia vulnerabilidades institucionais.
Mas há um ponto decisivo. Comunicação pública e institucional não pode ser automatizada sem critério. Agentes de IA ampliam capacidade, mas não substituem estratégia, ética nem responsabilidade pública.
Por isso, mais do que investir em tecnologia, torna-se essencial contar com profissionais capacitados para governar o uso da inteligência artificial e apoiar decisões de alto impacto.
A comunicação pública e institucional já está mudando. A questão não é se essa transformação vai acontecer, mas quem estará preparado para conduzi-la com inteligência, critério e compromisso com o interesse público.












