É cada vez mais evidente que a tecnologia se consolidou como uma aliada decisiva do agronegócio brasileiro, especialmente em Mato Grosso do Sul, onde o campo deixou de ser apenas força produtiva e passou a ser também território de dados, inteligência e decisão estratégica. Parcerias como a firmada entre o Governo do Estado e o Google reforçam essa virada de chave e mostram que inovação não é apenas discurso.
Na última semana, o Governo de Mato Grosso do Sul assinou, em São Paulo, um memorando de entendimento com o Google LLC, abrindo caminho para cooperação nas áreas de inteligência artificial, educação, agricultura digital, eficiência governamental e infraestrutura de computação em nuvem. O acordo, firmado pelo governador Eduardo Riedel e pelo secretário Jaime Verruck, estabelece bases concretas para a adoção de ferramentas avançadas e para a implementação de projetos de inovação com impacto direto na vida do produtor e do cidadão.
Quando o Governo afirma que está reimaginando Mato Grosso do Sul com o uso da inteligência artificial, não se trata de retórica. O compromisso envolve desde a modernização da administração pública até a aplicação prática da tecnologia no campo, com soluções orientadas por dados, automação de processos e integração de sistemas. A própria Secretaria de Educação passa a ter acesso e capacitação em ferramentas como o Gemini, ampliando o alcance da transformação digital.
No agro, o movimento é ainda mais significativo. Ao reconhecer e valorizar o que já vem sendo desenvolvido por startups e deeptechs sul-mato-grossenses, o Estado sinaliza maturidade institucional. Em vez de importar soluções prontas, busca escalar o conhecimento local, conectando o ecossistema regional a uma das maiores plataformas tecnológicas do mundo. Isso fortalece a inovação endógena e cria um ambiente mais competitivo e sustentável.
Há um ganho estrutural importante nesse modelo de cooperação. O avanço do ecossistema só acontece quando setor público, academia, iniciativa privada e sociedade civil atuam de forma integrada. A ampliação da infraestrutura de inteligência artificial cria condições reais para aplicações no agronegócio, na conservação ambiental, na educação e nos serviços públicos, consolidando a inovação como pilar de desenvolvimento.
No campo, os desdobramentos são diretos. A integração de dados e o uso de inteligência artificial para manejo de solos, monitoramento de lavouras, análise territorial e apoio à pecuária de precisão elevam o nível técnico da produção e ampliam a competitividade rural. Sustentabilidade deixa de ser conceito abstrato e passa a ser mensurável, com ganhos econômicos e ambientais.

É preciso manter o olhar crítico. Toda parceria desse porte precisa sair do papel e chegar à ponta, ao produtor, ao técnico, ao pequeno e médio empreendedor rural. Tecnologia que não vira produtividade, eficiência e qualidade de vida perde sentido. Ainda assim, o desenho do acordo aponta na direção correta, com metas, plano de trabalho e iniciativas bem definidas.
O Endereçamento Rural Digital talvez seja o símbolo mais claro dessa lógica. Um CEP rural preciso, baseado em coordenadas geográficas, resolve problemas históricos de acesso a serviços, logística, segurança e atendimento público. É tecnologia simples no conceito, mas profunda no impacto.
O Governo do Estado acerta ao assumir protagonismo e tratar tecnologia como infraestrutura de desenvolvimento. Não se trata de aderir a uma tendência global, mas de garantir que o agro sul-mato-grossense continue competitivo, conectado e preparado para o futuro. Quando o Estado escolhe ser parceiro do agro, e não apenas regulador, ajuda a construir um caminho mais sólido do campo à cidade.
*Com informações da Semadesc












