Quando uma mulher é brutalmente assassinada, outras mulheres também morrem um pouco por dentro, ainda mais quando a vítima é colega de profissão. O lamentável caso de feminicídio que chocou Campo Grande nesta quinta-feira (13) não é um episódio isolado. Este é o segundo caso de feminicídio registrado em Mato Grosso do Sul apenas nos primeiros dias de 2025. Diariamente, milhares de mulheres sofrem agressões, sejam físicas ou verbais, e muitas acabam tendo um fim trágico.
A jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, foi assassinada pelo ex-noivo, Caio Nascimento, na noite de quarta-feira (12), poucas horas após solicitar uma medida protetiva na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM).
O crime gerou comoção na cidade e reacendeu o debate sobre a efetividade das políticas públicas de combate à violência contra a mulher. Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindjor-MS) afirmou que o caso evidencia falhas estruturais no sistema de proteção às vítimas.
“O Sindjor-MS condena veementemente tais práticas e cobra agilidade das autoridades responsáveis pela condenação do responsável, o músico Caio Nascimento, preso em flagrante, bem como o fortalecimento dos mecanismos de defesa da mulher”, destacou a entidade.
O governador Eduardo Riedel (PSDB) usou as redes sociais para manifestar solidariedade à família da vítima e enfatizou a necessidade de punição para o crime.
“Fiquei profundamente impactado e indignado com essa situação. Por ela, pelas famílias envolvidas em casos como esse, que ainda ocorrem com muita frequência no nosso estado. Isso não pode, de maneira nenhuma, ficar impune. Lamento profundamente. Meus sentimentos à família da Vanessa e a todos os que estavam próximos”, declarou.
A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), também se pronunciou em suas redes sociais, e destacou que é preciso da união das mulheres neste momento.
“Um dia muito triste para as mulheres de Campo Grande e do mundo. Ela foi jornalista da Agência de Habitação do município, uma grande profissional, e hoje recebemos a triste notícia da forma brutal como foi assassinada. Não podemos nos calar. Vamos levantar nossas vozes para salvar vidas e proteger mulheres, não só na nossa cidade, mas onde pudermos alcançar”, afirmou.
Vanessa era chefe da assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul (MPT-MS). Em nota de pesar, a instituição destacou sua dedicação profissional e reforçou a necessidade de ações mais eficazes contra a violência de gênero. Confira a nota na íntegra:
“É com profundo pesar e indignação que o Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul recebe a notícia do falecimento da servidora pública e jornalista Vanessa Ricarte, vítima de feminicídio em Campo Grande.
Vanessa foi brutalmente assassinada pelo então companheiro, em um trágico episódio que evidencia a urgência de combater a violência doméstica e proteger as mulheres em situação de vulnerabilidade.
Vanessa Ricarte era uma profissional dedicada e comprometida com a missão institucional do Ministério Público do Trabalho, contribuindo de forma significativa para a divulgação e conscientização sobre os direitos trabalhistas e a Justiça social. Sua perda é um golpe não apenas para a instituição, mas para toda a sociedade, que vê mais uma vida ceifada pela violência de gênero.
O Ministério Público do Trabalho reitera seu compromisso com a defesa dos direitos humanos e repudia veementemente qualquer forma de violência contra as mulheres. A instituição reforça a importância do Protocolo de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica, que visa garantir acolhimento, orientação e encaminhamento adequado às vítimas, além de promover ações preventivas e educativas para enfrentar esse grave problema social.
Neste momento de dor, manifestamos nossa solidariedade à família, amigos e colegas de Vanessa Ricarte. Que sua memória inspire a luta por um mundo mais justo e seguro para todas as mulheres, e que sua tragédia nos motive a fortalecer as políticas públicas de proteção e combate à violência doméstica.
Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul
Pela vida das mulheres, pela justiça e pela dignidade humana”
A denúncia é uma das principais formas de combate à violência contra a mulher. Casos de agressão, ameaças e qualquer outro tipo de violência podem ser reportados pelo telefone 190, da Polícia Militar, ou pelo 180, da Central de Atendimento à Mulher.
Em Mato Grosso do Sul, a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) atende pelo telefone (67) 3318-9900 e recebe denúncias presenciais em Campo Grande, na Rua Brasília, 165, Jardim Imá.