Cerca de 599 crianças e adolescentes de até 17 anos ficam órfãos de pelo menos um de seus pais por ano, em Mato Grosso do Sul. Os dados são de um levantamento realizado pelos Cartórios de Registros Civil, que aponta que, em 2021, a Covid-19 foi responsável por um terço dos casos no estado, correspondendo a 176 crianças que perderam os pais por conta da doença, em um total de 546 órfãos.
Os dados indicam que, além dos 546 órfãos contabilizados em 2021, o ano seguinte registrou 550 crianças que perderam ao menos um dos pais. Em 2023, esse número aumentou para 632 e, até outubro de 2024, já totaliza 670, superando o recorde do ano anterior neste mesmo período.
Quando consideradas apenas as crianças e adolescentes que ficaram órfãos de ambos os pais, os números diminuem consideravelmente: em 2021 foram 13; em 2022, 10; em 2023, 10; e até outubro de 2024, 9 órfãos. O estado de São Paulo é o que mais registra órfãos no Brasil, seguido pela Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O presidente da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais de Mato Grosso do Sul (Arpen/MS), Marcus Roza explica que esses dados são de extrema importância para a aplicação de políticas públicas às pessoas afetadas.
“São dados vitais para assegurar o acesso a direitos básicos, como educação, moradia e alimentação, além de prevenir situações de risco e executar medidas como a oferta de suporte psicológico e a promoção de um futuro mais inclusivo”, afirmou.
Fenômeno da Covid-19 – O levantamento também aponta que a Covid-19 deixou, desde 2019, 216 crianças órfãs de pelo menos um dos pais em Mato Grosso do Sul.
Se forem consideradas doenças correlacionadas ao coronavírus no período, como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – 2; Insuficiência Respiratória – 121; e Causas Indeterminadas – 11, o número pode chegar a pelo menos 350 crianças órfãs no estado devido a doenças relacionadas à Covid desde 2019.
Ainda segundo o estudo, ao menos 2 crianças perderam ambos os pais em razão da doença causada pelo novo coronavírus. Esse número pode ser ampliado para 3, se forem considerados óbitos de doenças relacionadas à Covid-19, como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – 0; Insuficiência Respiratória – 1; e Causas Indeterminadas – 0.
O levantamento também aponta um aumento no número de órfãos devido ao falecimento de seus pais por doenças como infarto, AVC, sepse e pneumonia, que estiveram relacionadas à pandemia nos últimos anos.
Foto de capa: Rinaldo Morelli/CLDF